Você já imaginou sentir um orgasmo durante uma aula de Pilates? Pois foi exatamente isso que aconteceu com a ex-BBB e ginecologista Marcela McGowan. No videocast “Acessíveis”, do Canal UOL, ela contou que passou por essa situação inusitada enquanto fazia exercícios abdominais e… nunca mais voltou à aula.
“Foi superconstrangedor. Morri de vergonha da professora”, contou, rindo, durante a conversa com Marimoon e Titi Müller.
Imagem: Mariana Pekin/Uol
A história viralizou, mas o que muita gente não sabe é que esse tipo de reação tem nome, acontece com mais frequência do que se imagina e é até estudada pela ciência.
O que é o coregasm?
O fenômeno é chamado de coregasm, junção das palavras core (centro do corpo, como abdômen e região pélvica) e orgasm (orgasmo). Ele acontece quando certos exercícios ativam intensamente a musculatura do assoalho pélvico, aumentam o fluxo sanguíneo na região íntima e, em alguns casos, geram sensações de prazer intenso ou até mesmo orgasmos.
Além da contração muscular, fatores como fricção da roupa esportiva, respiração intensa e até a liberação de hormônios do bem-estar (como endorfina e serotonina) contribuem para esse cenário.
O que diz a ciência?
Apesar de ainda haver poucos estudos sobre o tema, alguns dados já chamam atenção. Em 1953, o pesquisador Alfred Kinsey, referência na área da sexualidade, relatou que 5% das mulheres entrevistadas afirmaram ter sentido orgasmos espontâneos durante atividades físicas. Já em 2011, a pesquisadora Debby Herbenick, da Universidade de Indiana (EUA), publicou um estudo mais amplo sobre o tema. Entre as mulheres entrevistadas:
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23,4% relataram já ter sentido um orgasmo durante a prática de exercícios;
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45,3% dessas experiências ocorreram durante abdominais;
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Outras atividades como escalada, levantamento de peso, corrida e yoga também foram citadas.
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Quando a pergunta foi sobre prazer sexual (sem chegar ao orgasmo), 46,4% das mulheres disseram já ter sentido. As principais causas foram: bicicleta, exercícios de core e levantamento de peso.
Sensações que variam de mulher para mulher
De acordo com a fisioterapeuta pélvica Nayruz Ahmad Jradi, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), o que algumas mulheres interpretam como orgasmo pode, na verdade, ser resultado de formigamentos, contrações involuntárias ou tremores na região íntima.
Segundo a especialista, essas respostas corporais variam muito de mulher para mulher, mas devem ser vistas com naturalidade. “Prestar atenção ao próprio corpo é um passo importante de autoconhecimento, inclusive para a vida sexual”, destaca.
Coregasm é preocupante?
O coregasm não é um problema de saúde. Pelo contrário: ele mostra que os músculos pélvicos estão ativos e que o corpo está reagindo ao esforço físico. No entanto, se a situação causar desconforto emocional, vale conversar com um profissional da saúde, especialmente se for recorrente ou atrapalhar a prática dos exercícios.
A boa notícia? Ao contrário do que Marcela McGowan sentiu na época, não há razão para vergonha. Afinal, o corpo feminino é repleto de caminhos surpreendentes e a conexão entre prazer e saúde é apenas um deles.
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