Mesmo antes do início da pandemia, os números da obesidade infantil já eram alarmantes em vários países do mundo. Claramente causada por uma mudança do estilo de vida das crianças, através da alimentação ultraprocessada e “fast”, da diminuição da atividade física e do brincar livre, além da diminuição da qualidade do sono.
Fatores estes que, quando associados, além de impactarem no incremento de ganho de peso e suas possíveis comorbidades associadas (como alterações cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, entre outras doenças), também contribuem para distúrbios comportamentai,s como ansiedade, depressão, agitação e irritabilidade. Isso mais do que demonstra a estreita relação entre alimentação e comportamento.
OBESIDADE E COVID-19 NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
A infecção pelo COVID-19 afeta a faixa etária pediátrica, mas com menos frequência e menor gravidade. Alguns estudos indicam que a incidência de Covid-19 em crianças e adolescentes pode chegar a 5% dos casos totais confirmados, sendo um pouco maior no sexo masculino.
Nos Estados Unidos, em março de 2020, as taxas de internação em menores de 17 anos variaram entre 0,1 e 0,3 a cada 100 mil habitantes. Da mesma forma, a mortalidade infantil e adolescente tem se mostrado baixa.
Um estudo epidemiológico feito na China com 2.135 pessoas menores de 18 anos teve apenas uma morte. Em revisão sistemática envolvendo 2.228 pacientes menores de 16 anos, foram encontrados dois óbitos, sendo um deles o mesmo relatado no estudo chinês.
Crianças apresentam menor expressão da enzima conversora de angiotensina 2 do que adultos, tornando o processo de internalização do vírus menos eficiente e podendo ter imunidade treinada mais eficaz, devido ao aumento da exposição a vírus e vacinas.
A OBESIDADE INFANTIL É UM FATOR DE RISCO?
Sim. Recentemente, durante a epidemia de Covid-19 no Canadá, a obesidade foi a 3ª característica mais prevalente entre as crianças internadas em UTI, atrás apenas daquelas com doenças associadas graves, imunossupressão e câncer. Em Nova York (EUA), a obesidade foi a comorbidade mais relatada entre 50 casos graves de Covid-19 em crianças e adolescentes.
MUDANÇAS DE HÁBITOS E AÇÕES POSITIVAS
A necessidade de isolamento social pode ter o efeito de causar ou agravar a obesidade e suas comorbidades, sendo que os pais devem estar cientes desse problema.
Assim, reconhecer a questão como um fator de gravidade para a saúde e desejar a mudança é fundamental. A minha dica é dar um passo de cada vez, pois mudanças radicais não duram. Vamos refletir?
Reconheça que o estilo de vida dos pais deve estar alinhado com o proposto para os filhos. Ou seja: pais que só comem comida processada não vão conseguir criar filhos que comem vegetais. É preciso dar o exemplo;
Mantenha em casa apenas alimentos que vocês podem consumir, sem preocupação. Isso inclui: comida de verdade, como alimentos frescos do hortifruti em moderada ou grande quantidade;
Evite alimentos ultraprocessados, açúcar e gorduras saturadas. Determine dias especiais e únicos para este tipo de consumo;
- Beba muita água;
- Pratique o verde: o contato com a natureza aumenta nossa imunidade, disposição e qualidade de sono;
- Reduza o tempo de telas (computadores, smartfones e tablets)
- Durma, no máximo, antes das 23 horas e por pelo menos 8 horas por noite;
- Outra dica é escutar os episódios do podcast ‘Nutrindo Afeto’, da Liga da Cozinha Afetiva, no seu tocador preferido e aprender muito sobre Medicina do Estilo de Vida.
Vamos de receita cheia de nutrientes e hidratação? Ela serve para a família inteira à partir de 1 ano de idade, e foi elaborada pela nutricionista materno-infantil da Liga da Cozinha Afetiva, Flávia Montanari.
SUCO DETOX DE FRUTAS VERMELHAS
Crédito: Pixabay
Ingredientes:
- 200 ml água de coco
- 100 gramas de frutas vermelhas (morango, amora, framboesa, mirtilo)
- 1 maçã (com casca)
- 5 folhas de hortelã
- 10 cubos de gelo
Modo de Preparo: bata todos os ingredientes no liquidificador e pode servir!
Fonte: Carlos Alberto Nogueira-de-Almeida, Luiz A.Del Ciampo ,Ivan S.Ferraz,Ieda R.L.Del Ciampo, Andrea A.Contini, Fábio da V.Ued.JPed 2020, COVID-19 and obesity in childhood and adolescence: a clinical review
*DRA. RENATA ANICETO (CRM 88006) é médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC, pediatria e hematologista pela FMUSP/SP. Aqui em AnaMaria Digital escreve sobre medicina culinária, nutrição afetiva e estilo de vida na Infância. Instagram: @ligadacozinhaafetiva