Pela primeira vez na história, há mais crianças e adolescentes com excesso de peso do que desnutridos no mundo. O alerta aparece em um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que reúne dados de mais de 190 países. Segundo o levantamento, desde 2015 a obesidade infantil atinge 9,4% dos jovens entre 5 e 19 anos, superando a desnutrição, que afeta 9,2% desse grupo.
Embora diferentes, os dois problemas ameaçam seriamente a saúde. A desnutrição compromete o crescimento, atrasa o desenvolvimento cognitivo e enfraquece a imunidade, podendo deixar marcas irreversíveis nos primeiros anos de vida. Já a obesidade infantil aumenta o risco de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, afeta a autoestima e, muitas vezes, se estende para a vida adulta, elevando os custos do sistema de saúde.
No Brasil, o número de crianças com excesso de peso triplicou desde os anos 2000. Esse avanço tem relação direta com o consumo de ultraprocessados, alimentos baratos, práticos e com grande apelo publicitário voltado justamente para o público infantil.
Iniciativas brasileiras contra a obesidade infantil
Apesar da gravidade da situação, o Brasil se tornou referência em algumas ações de combate ao excesso de peso. O relatório do UNICEF destaca medidas como a rotulagem nutricional, que facilita a identificação de produtos com excesso de açúcar, gordura e sódio; a isenção fiscal de alimentos in natura; e o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que garante refeições mais equilibradas nas instituições públicas.
Essas iniciativas reforçam o papel central das escolas. Afinal, crianças e adolescentes passam grande parte do dia dentro delas e precisam ter acesso a opções nutritivas e variadas para formar hábitos saudáveis desde cedo.
Escolas: aliadas ou vilãs na formação alimentar?
Outro levantamento nacional, com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS), mostra que um em cada três adolescentes brasileiros apresenta excesso de peso. Além disso, em dez anos, o número de jovens com sobrepeso cresceu quase 9%, alcançando 2,6 milhões de pessoas entre 10 e 19 anos. Esses dados reforçam a urgência de mudanças no ambiente escolar, onde cantinas repletas de salgadinhos, biscoitos recheados e refrigerantes ainda predominam.
Segundo a pedagoga Mariana Ruske, fundadora da Senses Montessori School, a escola precisa assumir a responsabilidade de criar um ambiente positivo em torno da alimentação: “A infância é a fase mais importante para consolidar o paladar. A instituição deve oferecer refeições nutritivas, valorizar o ritual das refeições e estimular a participação das crianças no processo”.
Estratégias práticas dentro das escolas
Para transformar esse cenário, especialistas defendem ações simples, mas consistentes. Entre elas, estão:
- Proibir ultraprocessados nas cantinas e nos lanches enviados de casa;
- Oferecer cardápios diversificados, com foco em alimentos frescos e da estação;
- Estimular professores e pais a darem o exemplo com escolhas equilibradas;
- Incentivar a participação dos alunos no preparo das refeições, aumentando a aceitação de novos alimentos.
De acordo com Mariana, quando escola e família caminham juntas, a criança cresce com hábitos sólidos e saudáveis. Essa consistência garante benefícios que vão muito além da balança, prevenindo doenças e fortalecendo o bem-estar físico e emocional.
Resumo: A obesidade infantil já ultrapassou a desnutrição no mundo e cresce de forma preocupante no Brasil. A escola surge como espaço fundamental para reverter esse quadro, oferecendo refeições equilibradas, eliminando ultraprocessados e envolvendo as crianças no processo alimentar. A união entre família e instituição é decisiva para formar hábitos duradouros e garantir mais saúde às próximas gerações.
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