A pandemia de Covid-19 fez com que fossemos obrigados a ficar em quarentena. De repente, os pais passaram a trabalhar de casa e as crianças deixaram o convívio escolar para fazer aulas online. Além das consequências emocionais do isolamento social, outro mal tem se tornado cada vez mais presente e preocupa os médicos: o sobrepeso.
“Isso pode gerar complicações em curto, médio e longo prazo. A Organização Mundia da Saúde (OMS) preconiza que crianças em idade pré-escolar (de 3 a 4 anos) acumulem ao menos 180 minutos de atividade física, tenham ao menos 1h de tela sedentária e entre 10 e 13 horas de sono de qualidade por dia”, explica a médica pediatra Flávia Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, à AnaMaria Digital.
Além disso, ela completa que, entre 5 e 17 anos, as recomendações são de 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa: “Duas horas de tela recreativa e entre 9 e 11 horas de sono de boa qualidade por dia”, ressalta.
CRIE NOVOS HÁBITOS
Com a pandemia, o uso de telas tornou-se maior e as consequências impactam na piora da qualidade do sono, aumento do risco de sobrepeso e obesidade. “O impacto pode ser gigantesco, muito maior do que a própria pandemia. Todas essas novas obrigações podem fazer parecer com que realizar atividade física não seja uma prioridade”, opina Flávia.
Um artigo recente publicado pelo jornal JAMA, nos Estados Unidos, analisou 50 crianças com Covid-19 que precisaram ser internadas em um hospital de Nova York. O principal fator de risco, associado à doença, foi a obesidade. Isso aconteceu devido à maior necessidade de ventilação mecânica nestes pacientes.
BUSQUE AJUDA EM APLICATIVOS
Mas dá para mudar esse cenário: a pediatra sugere que, assim como há uma rotina para os estudos, os pais também iniciem uma para a prática de exercícios. Pode ser dentro de casa mesmo, e com a ajuda das telas: aplicativos que ajudem a fazer pausas de um minuto de alongamento a cada 30 de estudos, por exemplo. A gente também tem um treino completo montadinho aqui! É só adaptar de acordo com o seu nível de capacitdade.
Cabe aos pais e cuidadores também se atentarem à despensa e deixarem alimentos saudáveis à disposição, como frutas, cereais integrais, evitando gordura, sal e industrializados. “Também vale questionar se o que está sentindo é mesmo fome ou vontade de comer. Às vezes a criança está entediada e desconta na comida”, diz a médica.
Apesar de necessário ter essa nova rotina, é importante escutar a criança e observar os sinais que ela dá, como ansiedade e tristeza, cabendo aos pais também demonstrarem compaixão e empatia, pois estamos todos no mesmo barco.