Uma condição que afeta 4 em cada 10 pessoas no Brasil acontece na calada da noite. Segundo um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), o bruxismo atinge 40% dos brasileiros. Ele se caracteriza pelo ato involuntário de ranger ou apertar os dentes, seja durante o sono ou até mesmo quando estamos acordados.
“Muitos pacientes chegam ao consultório sem fazer ideia de que rangem os dentes”, destaca Bruna Conde, dentista especialista em bruxismo. Isso porque, na maioria das vezes, a pessoa não percebe o ato enquanto acontece, especialmente durante o sono. O diagnóstico costuma vir após sinais no corpo ou o alerta de quem dorme por perto.
Cansaço, dor de cabeça, dentes sensíveis…
Se engana quem pensa que o bruxismo afeta apenas a estética do sorriso. O desgaste dental, que pode deixar os dentes menores e mais frágeis, é só a ponta do iceberg. A pressão constante pode gerar dores de cabeça frequentes, principalmente na região das têmporas, dor na mandíbula, na nuca e até nos ombros.
Além disso, há impacto direto na qualidade de vida: o sono costuma ser prejudicado, o que faz com que a pessoa acorde mais cansada e irritada. Em casos mais severos, o barulho do ranger pode incomodar quem dorme ao lado, comprometendo o descanso e até os relacionamentos.
Outro efeito comum, mas pouco comentado, é a sensibilidade dentária. O esmalte do dente vai se desgastando, expondo camadas mais sensíveis e causando dor ao ingerir bebidas quentes ou geladas. Com o tempo, há risco de fraturas nos dentes e até retração gengival.
Como identificar o bruxismo?
Como o bruxismo costuma acontecer durante o sono, nem sempre é fácil perceber o problema logo de início. Por isso, é importante ficar atento a alguns sinais que funcionam como alerta para procurar um dentista:
- Dor de cabeça ao acordar, principalmente na região das têmporas
- Dor na mandíbula, sensação de cansaço ao mastigar logo pela manhã
- Barulho ao ranger os dentes durante o sono (se alguém comenta, leve a sério!)
- Dentes sensíveis ou que parecem “menores” do que antes
- Dor no ouvido sem problema aparente na região
- Sono agitado e não reparador
- Sensação de travamento ao abrir ou fechar a boca
Se você se identificou com dois ou mais desses sintomas, vale buscar uma avaliação profissional. O dentista pode analisar o desgaste dos dentes e, se necessário, indicar exames complementares, como a polissonografia, para estudar o sono.
Como é o tratamento e por que ele vai além da placa de mordida?
A placa de mordida personalizada é uma das principais aliadas no tratamento. Produzida sob medida, ela ajuda a proteger os dentes do atrito e a reduzir a pressão exercida durante o bruxismo. Vale lembrar que ela não cura a condição, mas evita danos maiores.
O tratamento completo, no entanto, vai muito além. Envolve mudanças no estilo de vida, como o controle do estresse – que é um dos principais gatilhos -, ajustes nos hábitos de sono, redução do consumo de cafeína e álcool e, em alguns casos, fisioterapia para relaxamento muscular e acompanhamento psicológico.
“A placa é uma peça do quebra-cabeça, mas o tratamento precisa ser mais amplo para realmente melhorar a qualidade de vida do paciente”, orienta Bruna.
E nas crianças, como fica?
O bruxismo infantil é mais comum do que se imagina. Os sinais que os pais devem observar incluem ranger de dentes audível durante a noite, sono agitado, irritação ao acordar e até desgaste dos dentinhos de leite.
Entre as causas mais comuns estão a ansiedade, dificuldades respiratórias (como adenoide aumentada ou rinite) e até verminoses. Por isso, o tratamento envolve investigar o que está por trás do problema e orientar os pais sobre mudanças de hábitos e cuidados com o bem-estar da criança.
É importante lembrar que, na maioria dos casos infantis, o bruxismo tende a desaparecer conforme a criança cresce, mas isso não significa que os sinais devam ser ignorados.
Prevenir é possível?
Embora não exista uma fórmula para evitar totalmente o bruxismo, adotar algumas medidas pode ajudar:
- Cuidar da saúde emocional e buscar formas de reduzir o estresse, como atividades físicas e momentos de lazer
- Criar uma rotina de sono saudável e evitar celular antes de dormir
- Reduzir o consumo de café e bebidas alcoólicas, especialmente no período da noite
- Fazer exercícios para relaxar a mandíbula e massagem na face antes de dormir
- Evitar mastigar objetos como tampas de caneta ou roer unhas, hábitos que sobrecarregam a musculatura facial
“Durante o dia, procure manter os lábios juntos e os dentes separados. Esse simples hábito ajuda a relaxar os músculos da face e pode fazer diferença”, indica a dentista.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (27 de junho). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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