O vitiligo é uma condição de pele que atinge cerca de 1% da população mundial, mas ainda gera dúvidas e estigmas. Embora não cause dor nem seja contagiosa, a perda de pigmentação característica pode provocar grandes impactos emocionais em quem convive com as manchas. Foi o que viveu o ator Renato Góes, que descobriu a doença ainda na adolescência e passou anos tentando esconder os sinais no corpo.
A boa notícia é que o vitiligo tem tratamento, e o diagnóstico precoce pode ajudar a conter o avanço das lesões. A seguir, explicamos as principais causas, cuidados e impactos dessa condição, que vai muito além da aparência.
O que é o vitiligo?
O vitiligo é uma doença dermatológica autoimune que provoca a destruição dos melanócitos, as células responsáveis pela produção de melanina – o pigmento que dá cor à pele, aos cabelos e aos olhos. Com isso, surgem manchas esbranquiçadas em diferentes partes do corpo, especialmente em regiões expostas ao sol, como mãos, rosto, pés e braços.
De acordo com o dermatologista Cristiano Tarzia Kakihara, o vitiligo costuma aparecer entre os 10 e os 30 anos, mas pode surgir em qualquer fase da vida. “O vitiligo, assim como diversas doenças dermatológicas, piora com o estresse. Por ser mais comum em áreas do corpo mais expostas, pode impactar significativamente a autoestima do paciente”, explica o especialista.
Quando as emoções também marcam
A experiência de Renato Góes é um exemplo claro de como o vitiligo pode afetar o bem-estar emocional. Em entrevista à Revista GQ, o ator contou que desenvolveu as primeiras manchas durante um período emocionalmente delicado, ainda na adolescência. Por vergonha, evitava usar roupas curtas e frequentar ambientes como praia ou piscina.
“Eu ficava envergonhado. Na escola, ia só de calça. Na praia, de bermuda. (…) Até que pensei: ‘Que loucura é essa? Não quero isso para mim’…”, relatou.
Essa dificuldade de aceitação é comum entre pessoas com vitiligo, especialmente por causa da visibilidade das manchas. Em muitos casos, o acolhimento e a informação são essenciais para que o paciente consiga lidar com a condição com mais leveza e segurança.
Diagnóstico e doenças associadas
Na maioria das vezes, o diagnóstico do vitiligo é clínico, feito pelo dermatologista com base na observação das lesões. Em alguns casos, exames complementares podem ser solicitados para investigar doenças autoimunes associadas, como:
- Hipotireoidismo
- Anemia perniciosa
- Diabetes tipo 1
- Alopecia areata
- Doença de Addison
Essas condições, que também envolvem desequilíbrios no sistema imunológico, podem coexistir com o vitiligo e exigem acompanhamento médico contínuo.
Cuidados com a pele no dia a dia
Um dos principais desafios de quem tem vitiligo é a sensibilidade da pele despigmentada, que perde sua proteção natural contra os raios solares. Isso aumenta o risco de queimaduras e até de câncer de pele.
Por isso, Cristiano alerta: “É fundamental o uso diário de protetor solar com FPS mínimo de 50, aplicado de 3 a 4 vezes ao dia, inclusive em dias nublados ou em ambientes internos.”
Além do protetor, também é indicado evitar exposição solar prolongada, usar roupas que protejam a pele e hidratar bem a região afetada. O tratamento pode incluir pomadas, fototerapia ou medicamentos, dependendo do caso.
Autoestima e informação andam juntas
Aceitar o vitiligo é um processo individual, mas que pode ser facilitado por informações confiáveis, apoio psicológico e representatividade. Celebridades como Renato Góes, Winnie Harlow e Jon Hamm já falaram abertamente sobre o tema, ajudando a quebrar tabus e inspirar outras pessoas a olharem para si mesmas com mais carinho.
Aos poucos, o vitiligo vem deixando de ser motivo de vergonha para se tornar um convite à autoaceitação. E, como mostra o relato de Renato, esse movimento começa com um simples pensamento: “Não quero isso para mim”.
Resumo:
O vitiligo é uma condição autoimune que provoca a perda de pigmentação da pele e pode afetar profundamente a autoestima. A doença não é contagiosa e tem tratamento, mas exige cuidados com a pele, como o uso diário de protetor solar. Celebridades como Renato Góes ajudam a ampliar a conscientização sobre o tema.
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