Em menos de um mês, o estado de São Paulo registrou nove casos confirmados e três mortes relacionadas à intoxicação por metanol. Todas as ocorrências tiveram ligação com o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Entre as vítimas estão homens de 45, 48 e 54 anos, que apresentaram sintomas graves após ingerirem gin, vodca e uísque falsificados.
O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) confirmou os óbitos e acompanha outras investigações em andamento. Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou pacientes com sinais semelhantes, dos quais alguns seguem internados. Esses dados mostram como o problema ganhou dimensão alarmante, chamando a atenção das autoridades.
Sintomas para ficar em alerta
Os primeiros sinais podem passar despercebidos, mas avançam rapidamente. Especialistas explicam que a intoxicação por metanol provoca dor de cabeça intensa, náuseas, cólicas abdominais e confusão mental. Nos casos mais graves, os pacientes sofrem convulsões, insuficiência pulmonar e até coma.
O nervo óptico também é afetado, deixando a visão turva e podendo evoluir para cegueira irreversível. Foi o que aconteceu com Diogo Marques de Sousa e Radharani Domingos, que relataram perda súbita da visão após consumir bebidas em locais considerados seguros. Ambos precisaram de internação, com complicações neurológicas sérias.
“Acordei desesperado porque abri o olho e estava enxergando nada, tudo preto e uma dor de cabeça muito forte”, disse Diogo em entrevista ao Fantástico. “Bebi três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada”, contou a designer de interiores Radharani. Ela também relatou que chegou a ter convulsões e precisou ser intubada na UTI.
O que torna o metanol tão perigoso?
O metanol é um solvente industrial usado principalmente na produção de combustíveis. Diferente do etanol, presente nas bebidas alcoólicas comuns, ele não pode ser ingerido pelo ser humano. Quando metabolizado, transforma-se em substâncias altamente tóxicas que sobrecarregam o fígado e atingem o cérebro.
Esse processo resulta em falência de órgãos, convulsões e danos irreversíveis ao sistema nervoso. Por isso, mesmo pequenas quantidades podem levar a sequelas permanentes ou até à morte. Autoridades acreditam que criminosos utilizam o metanol para reduzir custos de produção e aumentar o lucro com bebidas falsificadas.
Casos anteriores estavam ligados ao consumo direto de álcool combustível por pessoas em situação de vulnerabilidade. A diferença agora é que os episódios recentes ocorreram em festas e encontros sociais, onde os consumidores acreditavam estar ingerindo bebidas seguras.
A falsificação não se restringe a locais de baixo custo: também alcança estabelecimentos sofisticados, como mostra o caso de Radharani, que ficou internada após beber em uma comemoração de aniversário em Moema, bairro nobre da capital paulista.
Recomendações de segurança
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em conjunto com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), publicou recomendações emergenciais. O objetivo é orientar bares, restaurantes, mercados, aplicativos de entrega e distribuidores a reforçarem o controle sobre os produtos comercializados.
Além disso, a população deve redobrar os cuidados. Entre os sinais de suspeita estão:
- preços muito abaixo do mercado;
- embalagens sem lacre de segurança;
- rótulos de baixa qualidade.
Caso surjam sintomas após o consumo de álcool, é fundamental procurar atendimento médico imediato. Quanto mais cedo o tratamento começar, maiores são as chances de evitar sequelas graves, como a cegueira.
Resumo: A intoxicação por metanol já provocou mortes e sequelas graves em São Paulo. Os sintomas vão de dores abdominais a perda da visão e coma. O consumo de bebidas adulteradas é a principal causa desses casos, que podem ocorrer em qualquer ambiente social. Por isso, especialistas reforçam: procure ajuda médica imediata ao notar sinais suspeitos após beber álcool.
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