A apneia do sono afeta mulheres de forma silenciosa e subdiagnosticada. Recentemente, a Anvisa aprovou o uso da tirzepatida para o tratamento da apneia do sono em adultos com obesidade. O nome não te soa estranho? Esse é o princípio ativo do medicamento Mounjaro, que já era utilizado para tratamento do diabetes tipo 2 e, agora, representa a primeira terapia farmacológica validada para apneia obstrutiva do sono (AOS) no Brasil.
A AOS é um distúrbio caracterizado por episódios repetidos de respiração irregular devido ao bloqueio parcial ou total das vias aéreas superiores. Entre os sintomas mais comuns estão ronco, despertares frequentes e sonolência diurna. Além disso, quem enfrenta a apneia do sono também sofre com outras consequências, como cansaço constante e dificuldade de concentração.
Fatores de risco específicos para mulheres
Embora a apneia seja mais diagnosticada em homens, mulheres também são afetadas, especialmente em fases da vida com alterações hormonais e de peso. “Durante a gravidez, o aumento de peso, a retenção de líquidos e as mudanças hormonais podem causar ronco e pausas respiratórias”, explica Gabriella Franzen, fisioterapeuta especializada em medicina do sono na Biologix.
Na menopausa, a queda de estrógeno e progesterona eleva o risco de apneia, já que esses hormônios ajudam a manter a respiração estável durante o sono. A especialista lista ainda outros fatores de risco: obesidade, circunferência do pescoço maior que o recomendado, hipertensão e histórico familiar da doença.
Sinais sutis em mulheres
Em muitas mulheres, a apneia do sono não se manifesta de forma clássica, como ronco alto ou pausas visíveis na respiração. Os sintomas podem incluir insônia, cansaço constante, dificuldade de concentração, dor de cabeça matinal e alterações de humor. “Nem sempre os sinais são óbvios. Muitas mulheres sofrem com fadiga contínua e associam os sintomas à idade ou ao estresse diário”, acrescenta Gabriella.
Sinais para ficar de olho:
- Insônia ou sono fragmentado;
- Cansaço constante, mesmo após noites de sono aparentemente adequadas;
- Sonolência diurna excessiva;
- Dificuldade de concentração ou memória prejudicada;
- Dor de cabeça ao acordar;
- Mudanças de humor sem causa aparente.

Tratamentos e novidades
Além das medidas tradicionais, como o CPAP (aparelho de pressão positiva que auxilia na respiração) e ajustes de estilo de vida, a aprovação da tirzepatida para esse fim abre novas possibilidades, especialmente, para mulheres com apneia associada ao sobrepeso. O medicamento ajuda a reduzir peso corporal e melhora o metabolismo, funcionando como terapia complementar: “O Mounjaro não substitui o CPAP, mas pode ser muito eficaz quando a apneia está ligada ao excesso de peso”, diz Gabriella.
Mulheres em menopausa podem se beneficiar de estratégias adicionais, incluindo terapia de reposição hormonal quando indicada pelo ginecologista, melhora da alimentação, prática regular de atividades físicas, sono em horários regulares e a redução do consumo de álcool e sedativos antes de dormir.
Suspeita de apneia?
O primeiro passo é procurar um médico, como ginecologista ou especialista em sono. O diagnóstico é feito por polissonografia, exame que monitora o sono e que hoje também pode ser realizado em casa. Enquanto aguarda a consulta, é recomendado:
- Evitar telas na cama;
- Controlar o peso corporal;
- Não consumir álcool ou calmantes à noite sem orientação médica;
- Anotar sintomas para relatar na consulta.
Impacto do tratamento na saúde feminina
Tratar a apneia do sono vai além de dormir melhor: protege o coração, cérebro e humor. Com diagnóstico e acompanhamento adequados, mulheres podem notar melhora na pressão arterial, memória, energia, concentração, bem-estar emocional e até libido.
“Dormir bem é uma das formas mais poderosas de cuidar da saúde física, mental e emocional. Descobrir que o cansaço tem uma causa tratável transforma a qualidade de vida”, finaliza a especialista.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1495, de 14 de novembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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