“Sempre que tenho um problema de saúde, pesquiso na internet. A família diz que estou ficando até paranoica, achando que tenho doenças. É normal?
E. B., por e-mail
Nossa vida moderna traz muitas facilidades, inclusive para fazer breves consultas sobre o que estamos sentindo, se é ou não sintoma de alguma doença. Quem nunca procurou no Google o que poderiam ser dores de cabeça, ou quais os sintomas de infarto? Não sou contrário a esse acesso rápido à informação. No entanto, pode levar a alarmes falsos e agravar casos de hipocondria. Aliás, você sabe o que isso
significa? É um transtorno de ansiedade caracterizado pela preocupação excessiva e desproporcional a um problema de saúde que muitas vezes nem foi diagnosticado. O nível de gravidade do transtorno pode ser medido pelo impacto que aquilo tem na vida da pessoa. Quando é grave, a pessoa não consegue nem trabalhar por acreditar que está doente o tempo todo e não sai do médico. E quando procurar um médico? Frequentemente, os portadores desse problema já foram a diversos médicos. Mas se perceber tais sintomas é o caso de procurar um bom profissional para aliviar esse sofrimento com algo inexistente. O critério principal para se procurar um médico é o impacto que aquela condição está trazendo ao dia a dia da pessoa. O problema é que nem sempre a pessoa percebe que está nessa situação. O tratamento pode ser feito tanto com psicoterapia ou terapia cognitivo-comportamental, como por meio de medicamentos. Em geral, faz-se um combinado das duas coisas para melhores resultados. A resposta, na maioria dos casos, é bastante satisfatória. Não há problema em pesquisar na internet, mas se perceber que os sinais acima citados estão ocorrendo frequentemente na sua vida, procure um profissional capacitado.
Tomar remédios por conta nem pensar, hein?
A hipocondria atinge por volta de 8% da população brasileira. São estimados 150 mil novos casos anualmente. Geralmente, se desenvolve
durante a vida adulta. E o pior: também pode levar à automedicação. Segundo o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 76,4% dos brasileiros têm essa péssima prática.
PAULO CAMIZ é geriatra e professor da Faculdade de Medicina da USP. É também idealizador do projeto “Mente Turbinada”, que desenvolve exercícios para o cérebro. Para ler outros artigos escritos por ele, acesse ogeriatra.com.br
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