Com a popularização da Inteligência Artificial, realizar tarefas complexas com poucos cliques se tornou uma realidade tentadora. Mas será que essa praticidade toda pode estar tornando nosso cérebro dependente, acomodado – e até menos criativo?
É isso que aponta um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que alerta para o risco do chamado sedentarismo mental.
O que é sedentarismo mental?
Assim como um corpo parado perde força e resistência, uma mente pouco estimulada também sofre as consequências.
O sedentarismo mental acontece quando delegamos à tecnologia tarefas que antes exigiam raciocínio, criatividade ou memória. Em vez de pensar por conta própria, vamos direto ao ChatGPT, ao buscador ou à IA de preferência. E quanto mais nos acostumamos a esse caminho fácil, menos nosso cérebro se exercita.
O que diz a ciência
O estudo do MIT dividiu voluntários em três grupos e pediu que escrevessem redações usando o ChatGPT, o Google ou nenhum recurso externo.
Os pesquisadores mediram a atividade cerebral dos participantes e descobriram que quem usou o ChatGPT teve o menor engajamento mental. E pior: com o passar do tempo, ficaram ainda mais acomodados, passando a copiar e colar os textos sugeridos, sem refletir sobre eles.
Sintomas de uma mente parada
A psicóloga Naiara Mariotto explica que esse excesso de facilidade pode afetar a memória de longo prazo, o foco e até a motivação. Entre os sinais de alerta, estão:
– Dificuldade para se concentrar em textos ou tarefas longas
– Sensação de preguiça mental para resolver problemas simples
– Queda na criatividade
– Esquecimento de informações básicas
– Dependência constante de ajuda tecnológica
– Dificuldade para tomar decisões
Segundo a psiquiatra Milliane Rossafa, a longo prazo, esse padrão pode acelerar o declínio cognitivo. A mente deixa de formar novas conexões neurais, perde flexibilidade e agilidade para se adaptar a novos contextos.
Impactos no emocional e no dia a dia
Esse sedentarismo mental também afeta a autoestima. Quando a pessoa sente que não consegue realizar tarefas sozinha, aumenta a insegurança, a ansiedade e a sobrecarga emocional. No trabalho ou nos estudos, isso pode se refletir em baixo rendimento, procrastinação e falta de iniciativa.
A psicóloga Fernanda Paiva reforça que os efeitos não aparecem de forma repentina, mas vão se acumulando com o tempo. O resultado é uma reserva mental mais frágil e maior vulnerabilidade a quadros de declínio neurológico.
Como reverter o quadro?
A boa notícia é que dá para reverter esse processo com estímulos adequados. Algumas estratégias indicadas por especialistas incluem:
– Estabelecer limites para o uso de IA e redes sociais
– Fazer pausas digitais e reservar momentos de reflexão offline
– Escrever à mão, ler com profundidade, estudar novos temas
– Brincar com jogos que exijam lógica, estratégia e memória
– Evitar fazer várias tarefas ao mesmo tempo
– Praticar mindfulness para aumentar a concentração
Manter o cérebro ativo é tão importante quanto cuidar do corpo. Ao equilibrar o uso da tecnologia com momentos de estímulo real, é possível fortalecer a mente e preservar habilidades fundamentais como criatividade, foco e pensamento crítico.
Resumo:
O uso excessivo de Inteligência Artificial pode tornar o cérebro mais preguiçoso e reduzir habilidades como memória, criatividade e foco. O estudo do MIT revelou que confiar demais em ferramentas como o ChatGPT diminui o engajamento mental. Para evitar o sedentarismo mental, é essencial estimular a mente com leitura, escrita, jogos e momentos offline de reflexão.
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