A cantora Naiara Azevedo, de 35 anos, surpreendeu o público ao revelar que foi diagnosticada com menopausa precoce aos 28. Em entrevista recente, a sertaneja contou que tudo começou com uma sensação de calor intenso no pescoço, como se estivesse “pegando fogo”. Com o tempo, outros sintomas apareceram, como insônia, ganho de peso repentino, mudanças de humor, além de ressecamento da pele e da região íntima.
Embora ainda seja um tema pouco discutido, a menopausa precoce atinge muitas mulheres e pode trazer impactos significativos na saúde física e emocional. Justamente por isso, é importante entender o que está por trás da condição — e o que fazer quando os primeiros sinais surgirem.
Menopausa precoce: causas e fatores de risco
De acordo com a ginecologista endocrinologista Maira Campos, a menopausa precoce acontece quando os ovários deixam de funcionar antes dos 40 anos. Isso leva à redução na produção de hormônios essenciais como o estrogênio e a progesterona. Segundo ela, esse processo pode ocorrer de forma natural ou ser desencadeado por fatores como predisposição genética, doenças autoimunes, tratamentos agressivos (como quimioterapia) e até mesmo o estilo de vida. “O diagnóstico precoce é fundamental para orientar o cuidado com a saúde física, mental e reprodutiva”, completa Graziela Canheo, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana da La Vita Clinic.
“Alimentação desequilibrada, tabagismo, sedentarismo e exposição a toxinas são hábitos que também influenciam”, alerta Maira. Por isso, manter um cotidiano saudável é uma forma de se proteger — ou, ao menos, adiar essa transição.
Naiara Azevedo e os sintomas da menopausa precoce
A experiência de Naiara Azevedo ilustra bem como os sinais da menopausa precoce podem afetar o dia a dia da mulher. Segundo a especialista, os sintomas mais comuns são ondas de calor, suores noturnos, fadiga, alterações no desejo sexual, irregularidade menstrual e dificuldades para dormir.
Contudo, não é só o corpo que sente os efeitos. “O impacto emocional também costuma ser intenso. Muitas mulheres enfrentam crises de ansiedade e episódios depressivos durante essa fase”, explica Maira. Por isso, além do acompanhamento físico, é essencial olhar com carinho para o lado psicológico.
Os riscos por trás da menopausa precoce
Engana-se quem pensa que a menopausa precoce é apenas uma mudança natural. Estudos apontam que essa transição, quando ocorre cedo demais, pode trazer consequências mais sérias. Um levantamento da revista científica JAMA Cardiology mostrou que mulheres que entram na menopausa antes dos 40 têm até 40% mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com aquelas que passam por essa etapa na idade esperada.
Além disso, há o risco aumentado de osteoporose, já que a queda hormonal enfraquece os ossos. Por isso, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de evitar complicações a longo prazo.
Paula Fettback, ginecologista especialista em reprodução humana pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), reforça que muitas pacientes recebem o diagnóstico tardiamente. “O uso de anticoncepcionais hormonais pode mascarar os sintomas, e muitas vezes só se descobre o problema ao tentar engravidar”, diz.
Ondas de calor, alterações de humor, secura vaginal e irregularidade menstrual estão entre os sintomas mais comuns, semelhantes aos da menopausa natural. No entanto, o impacto emocional tende a ser maior, como explica a endocrinologista Tassiane Alvarenga: “Além da perda da fertilidade, há riscos aumentados de doenças cardiovasculares, osteoporose, ansiedade e depressão. Por isso, o suporte multidisciplinar é fundamental”, comenta.
O que fazer ao receber o diagnóstico de menopausa precoce
Se você suspeita de menopausa precoce, o primeiro passo é procurar um ginecologista de confiança. O diagnóstico pode ser feito por meio de exames hormonais e clínicos. Depois disso, o tratamento será personalizado.
Segundo Maira, a terapia de reposição hormonal, quando indicada, ajuda a aliviar os sintomas e a manter o equilíbrio do organismo. “Mas não é só isso. Uma alimentação balanceada, exercícios físicos regulares e boas noites de sono também fazem toda a diferença”, acrescenta a especialista.
Como lidar com o lado emocional da menopausa precoce
Não é fácil descobrir que algo mudou no seu corpo antes da hora. Por isso, cuidar da saúde mental é tão importante quanto controlar os sintomas físicos. Buscar apoio psicológico, conversar com outras mulheres que passam pela mesma situação e manter uma rede de suporte são atitudes que ajudam a atravessar esse momento com mais leveza.
Naiara Azevedo, por exemplo, vem falando abertamente sobre o tema e mostrando que é possível ressignificar essa fase da vida. Ao compartilhar sua história, ela fortalece outras mulheres que, muitas vezes, vivem esse desafio em silêncio.
Menopausa precoce não é o fim: é um recomeço
A boa notícia é que, com o acompanhamento correto, é possível manter a qualidade de vida mesmo diante de um diagnóstico de menopausa precoce. Mais do que isso: encarar essa transição como uma oportunidade de olhar para si mesma com mais atenção, respeito e autocuidado.
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