A gastroplastia, mais conhecida como bariátrica, é um procedimento cirúrgico indicado para pessoas com obesidade grave e que já tentaram de tudo para emagrecer sem sucesso. Embora seja uma alternativa segura e eficaz, ainda há muitas dúvidas, receios e até preconceitos sobre o tema.
Segundo o Lucas Nacif, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, a cirurgia representa uma virada na vida de muitos pacientes, mas não é uma fórmula mágica. “A cirurgia faz parte de um tratamento mais amplo, que exige mudanças duradouras de comportamento, como alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e acompanhamento psicológico e médico contínuo”, explica o médico.
Ou seja, a bariátrica pode, sim, salvar vidas e melhorar a qualidade de vida. Contudo, para que isso aconteça, é preciso informação e comprometimento. Pensando nisso, reunimos os cinco principais mitos sobre a gastroplastia que precisam ser esclarecidos de uma vez por todas. Confira a seguir:
A bariátrica elimina a obesidade de forma definitiva? Não é bem assim!
Muita gente acredita que, depois da cirurgia, o problema da obesidade está resolvido. Porém, a realidade é outra. “A perda de peso pode ser expressiva, mas o verdadeiro desafio é manter o resultado no longo prazo. Isso só acontece quando o paciente adota novos hábitos de vida”, alerta o Lucas.
Ou seja, a cirurgia de redução de estômago precisa ser encarada como o começo de um processo. A mudança na alimentação, o cuidado com a saúde mental e o acompanhamento profissional são tão importantes quanto a operação em si. “A principal transformação deve ser mental. Sem isso, o risco de voltar a ganhar peso é real”, reforça o especialista.
A gastroplastia é perigosa e só vale em último caso? Mito comum
Apesar de muita gente ainda enxergar a gastroplastia como uma medida extrema, a cirurgia é, na verdade, bastante segura quando realizada por equipes especializadas e com o preparo adequado.
De acordo com Lucas, ela é indicada para pacientes com obesidade severa ou que enfrentam doenças associadas ao excesso de peso, como diabetes tipo 2 e hipertensão. “O importante é avaliar cada caso individualmente e ter um bom acompanhamento antes e depois da cirurgia”, orienta o médico.
Além disso, dados do Ministério da Saúde mostram que a obesidade é um problema crescente no Brasil, sendo responsável por mais de 45 mil mortes entre 2010 e 2024. No mundo, são cerca de 2,8 milhões de vidas perdidas por ano. Por isso, quanto antes buscar tratamento, melhor.
Quem faz bariátrica não pode mais engravidar? Isso também é mito!
Engana-se quem pensa que a cirurgia impede a gravidez. O que os especialistas recomendam é aguardar cerca de um ano após o procedimento para tentar engravidar. Esse tempo é importante para que o corpo se estabilize, o peso se regularize e a mulher esteja preparada para uma gestação saudável.
“Com acompanhamento médico adequado e boa alimentação, a paciente pode ter uma gravidez tranquila após a bariátrica”, afirma o especialista.
Depois da gastroplastia, não precisa mais se exercitar? Esqueça essa ideia!
O exercício físico é uma peça-chave no sucesso da gastroplastia. Afinal, ele ajuda a preservar a massa muscular, melhora a composição corporal, acelera o metabolismo e colabora para a manutenção do peso.
“Além dos benefícios estéticos, o movimento traz mais disposição, reduz o risco de doenças e fortalece a saúde emocional”, completa o cirurgião. Por isso, nada de abandonar a academia depois da cirurgia. Na verdade, é justamente nesse momento que a atividade física ganha ainda mais importância.
Após a bariátrica, a pele volta ao normal sozinha? Nem sempre
A perda de peso rápida costuma causar flacidez, principalmente no abdômen, nos braços e nas coxas. Embora os exercícios ajudem a melhorar a firmeza da musculatura, muitas vezes, a remoção do excesso de pele só é possível por meio de cirurgia plástica reparadora.
“Esse procedimento é uma etapa complementar, que contribui para o bem-estar e autoestima do paciente”, explica Nacif. Ele reforça que o cuidado com o corpo, o psicológico e a saúde como um todo devem caminhar juntos nesse processo.
Cada caso é único e merece atenção individual
Lucas lembra que, apesar dos mitos e verdades que envolvem o tema, a decisão pela cirurgia deve ser personalizada. “A obesidade tem causas multifatoriais. Por isso, o tipo de cirurgia e o plano de tratamento precisam ser pensados conforme as necessidades de cada paciente”, finaliza.
Portanto, antes de formar uma opinião sobre a bariátrica, vale a pena buscar informações com fontes confiáveis e conversar com profissionais da saúde. Afinal, mais do que perder peso, trata-se de cuidar de si com respeito e consciência.
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