A busca por uma vida mais saudável, especialmente cuidando do coração, cresce a cada ano. No Brasil, as doenças cardiovasculares (DCVs) são responsáveis por cerca de 400 mil mortes anualmente, representando aproximadamente 30% de todos os óbitos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Apesar da atenção crescente, proliferam informações equivocadas e práticas que, em vez de proteger, podem representar riscos reais à saúde cardíaca.
Cuidado e excesso: a linha tênue na prevenção
O cardiologista Tito Paladino alerta que há um limite delicado entre prevenção e exagero. “A medicina preventiva é fundamental, mas não podemos confundir cuidado com excesso”, explica.
Com o avanço tecnológico, procedimentos como ecocardiograma, teste ergométrico e tomografia cardíaca tornaram-se mais acessíveis. No entanto, Tito reforça: “Esses exames são valiosos, mas não devem ser pedidos de rotina para qualquer pessoa. Quando solicitados sem critério, aumentam a chance de achados irrelevantes que levam a mais exames e até a procedimentos invasivos desnecessários”.
Os perigos do excesso de exames
Embora seja comum a busca por um check-up completo, o excesso de exames pode prejudicar a saúde do coração. Achados irrelevantes podem gerar ansiedade, tratamentos desnecessários e até procedimentos invasivos que não trazem benefícios reais. O ideal é que cada exame seja solicitado com base em histórico clínico, fatores de risco e orientação médica qualificada.
Além disso, exames sem critério podem criar um efeito cascata: um resultado duvidoso leva a outro exame, que gera mais preocupação e, em alguns casos, até medicação inadequada. Por isso, o acompanhamento individualizado é essencial para proteger o coração sem exageros.
Medicamentos e suplementos: nem sempre são aliados
Entre os mitos mais comuns está a crença de que certos medicamentos ou suplementos podem ser usados livremente como protetores do coração. “É muito comum ouvir que tomar aspirina todos os dias, cápsulas de ômega-3 ou certos chás ‘faz bem para o coração’. Mas isso não é verdade para todos”, alerta Tito.
Segundo ele, a aspirina só deve ser usada em casos específicos, pois pode aumentar o risco de sangramentos graves. Já suplementos vendidos como protetores não substituem uma alimentação equilibrada nem o acompanhamento médico regular. Portanto, é essencial informar-se corretamente antes de iniciar qualquer medicação ou suplemento.
Cuidado com informações da internet
Outro ponto importante é o impacto da internet na decisão dos pacientes. Muitos chegam aos consultórios já solicitando procedimentos como cateterismos e angioplastias. “Nem todo entupimento em artéria coronária precisa de stent. Muitos casos são tratados apenas com mudanças de estilo de vida e medicamentos. Procedimentos invasivos só devem ser realizados quando os benefícios superam os riscos”, reforça o cardiologista.
Essa conscientização ajuda a reduzir intervenções desnecessárias e promove um cuidado mais seguro e efetivo para a saúde do coração.
Desmistificando informações perigosas
Desmistificar informações equivocadas é parte essencial do trabalho médico. “O paciente bem informado é mais protegido. Cabe a nós, médicos, orientar de forma clara e baseada em evidências, desmistificando ideias perigosas e ajudando as pessoas a entenderem que saúde do coração não se trata de atalhos, mas de escolhas consistentes”, conclui Tito Paladino.
Resumo: O cuidado com o coração exige equilíbrio: excesso de exames e o uso indiscriminado de medicamentos podem trazer mais riscos que benefícios. Informação de qualidade, acompanhamento médico e escolhas consistentes são a chave para proteger a saúde cardíaca.
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