O Olire, nova caneta injetável à base de liraglutida para emagrecimento, acaba de chegar às farmácias do Brasil e já levanta dúvidas, especialmente sobre a interação com anticoncepcionais e a segurança para mulheres que querem engravidar. Conhecido como “Ozempic brasileiro”, ele segue o mesmo mecanismo de medicamentos da classe dos análogos do GLP-1, mas com características próprias. A seguir, vamos ver o que é mito e o que é verdade sobre o uso do Olire.
“O Olire corta o efeito da pílula anticoncepcional” – MITO (com ressalvas)
O Olire, assim como os demais medicamentos análogos do GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, pode reduzir a eficácia dos medicamentos orais ao reduzir o esvaziamento gástrico e retardando a absorção.
Na prática, isso significa que o risco não é de anulação completa do efeito, mas de atraso na absorção, que pode comprometer a proteção em alguns casos.
Por isso, a Febrasgo recomenda que, no caso de medicamentos como o Mounjaro, se mantenha método de barreira nas primeiras quatro semanas de uso e após aumento de dose, ou se opte por métodos não orais. Para a liraglutida (do Olire), a avaliação deve ser individual.
“Pode ser usado por quem quer engravidar” – MITO
O uso de contraceptivos é recomendado durante o tratamento com as canetas emagrecedoras, pois ainda não se conhece os riscos da medicação sobre o feto.
A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido indica que mulheres que usam medicamentos com semaglutida (como Ozempic) parem dois meses antes de tentar engravidar; para tirzepatida (como Mounjaro), pelo menos um mês; e, no caso da liraglutida, a interrupção pode ser feita antes de iniciar as tentativas, já que o efeito dura cerca de 13 horas.
“O Olire é igual ao Ozempic” – MITO
Embora ambos sejam análogos ao GLP-1, o Olire é à base de liraglutida, enquanto o Ozempic utiliza semaglutida. Isso afeta a frequência de aplicação: a liraglutida (Olire) é injetada diariamente, já a semaglutida (Ozempic) é semanal. Além disso, o Mounjaro, outro concorrente, contém tirzepatida, que atua também no hormônio GIP.
“Precisa de cuidado com a dosagem” – VERDADE
A endocrinologista Tassiane Alvarenga alerta que a caneta exige contagem manual de “cliques” para ajustar a dose:
- 0,6 mg = 10 cliques
- 1,2 mg = 20 cliques
- 1,8 mg = 30 cliques
- 2,4 mg = 40 cliques
- 3,0 mg = 50 cliques
“Não é uma caneta de ‘apertar e pronto’. É um medicamento que requer ajuste, estratégia e acompanhamento. Estamos falando de um tratamento para uma doença crônica, que exige prescrição médica, orientação nutricional, movimento, sono e rotina adequada. Não existe solução mágica”, reforça.
“Ajuda a emagrecer mesmo” – VERDADE (com mudanças de hábitos)
Estudos clínicos indicam perda média de 8% a 10% do peso corporal entre seis meses e um ano, desde que associada a dieta equilibrada, atividade física e acompanhamento médico. A caneta não substitui hábitos saudáveis e não é indicada para uso estético sem indicação médica.
“Tem efeitos colaterais” – VERDADE
Os principais são náuseas, vômitos, diarreia e constipação. O uso deve ser acompanhado por um profissional e a compra só é feita com receita médica.
Resumo:
O Olire pode retardar a absorção de anticoncepcionais orais, exigindo atenção especial no início do tratamento. Não é indicado para quem deseja engravidar e, apesar de auxiliar na perda de peso, não é solução mágica: depende de hábitos saudáveis e acompanhamento médico.
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