Se antes de completar quatro décadas, você sentir ondas de calor, diminuição da libido, irregularidade menstrual e mudanças repentinas de humor, muita atenção: a menopausa, que costuma bater à porta de mulheres à beira dos 50 anos, pode ter chegado
antes da hora. “A versão precoce pode surgir em qualquer momento durante a vida reprodutiva, ou seja, a partir da primeira menstruação da mulher”, diz Karla Giusti Zacharias, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Paulo.
Entenda melhor
A menopausa é apenas a parada da menstruação por conta da falência dos ovários, que deixam de produzir hormônios e deixam de liberar óvulos para a reprodução. Quando ela chega mais cedo do que o habitual, recebe o nome de menopausa precoce – um problema para quem pretende engravidar. Algumas mulheres, inclusive, só deparam com a questão quando suspendem a pílula e tentam engravidar. Aí, descobrem que o uso do contraceptivo mascarou o problema. “O medicamento faz com que os sintomas passem despercebidos. Com a suspensão da pílula, eles surgem. Aí, infelizmente, pode ser tarde demais para conseguir engravidar.
Afinal, há o risco da falência ovariana já estar em processo”, alerta a ginecologista e obstetra. Confira, a seguir, as principais causas e sinais da menopausa precoce e fique atenta para que ela não a pegue de surpresa.
Por que ela chega antes da hora?
A menopausa precoce pode afetar mulheres com mãe ou irmãs que enfrentaram o mesmo problema, mas também pode ser desencadeada por vários outros motivos. Quais são eles? Tabagismo, ligação das trompas, retirada do útero e dos ovários,
doenças autoimunes (como tireoidite de Hashimoto), uso de tratamentos como radioterapia e quimioterapia, defeitos de cromossomos (síndrome de Turner e síndrome do cromossomo X frágil) e em pacientes que têm contato recorrente com algum pesticida.
Atenção aos sinais
São os mesmos da menopausa tradicional, porém, mais intensos por causa da inesperada interrupção na produção dos hormônios sexuais da mulher. Abaixo, confira os principais sintomas:
■ Menstruação irregular
■ Ondas de calor
■ Tremores e calafrios
■ Secura vaginal
■ Cefaleia frequente
■ Oscilações de humor
■ Diminuição da libido
■ Infertilidade
■ Aumento de peso
■ Queda de cabelo
■ Falta de energia
■ Depressão
■ Insônia
Tratamento
A reposição hormonal com uso de medicamentos à base do hormônio estrogênio, que regula o ciclo menstrual e previne complicações como osteoporose e doenças cardíacas, é o método de tratamento mais comum. Porém, cada caso deve ser avaliado separadamente, pois há uma série de contraindicações, como histórico de câncer, hipertensão ou colesterol alto. “O tratamento deve ser individualizado em cada paciente, avaliando sempre os fatores de risco da reposição hormonal”, afirma Karla. Em caso
de aparecimento dos sintomas, a especialista indica procurar o ginecologista o mais rápido possível. “Para as mulheres que
pretendem engravidar, se os exames mostrarem que ainda existem óvulos, há a possibilidade de induzir a ovulação com medicamentos. Caso a paciente não pretenda ter um filho naquele momento, a solução é o congelamento do óvulo”, diz. Até os 40 anos, a recomendação é ir ao ginecologista a cada oito meses ou um ano. Acima dessa idade, a visita ao consultório deve ocorrer
uma vez por semestre.
Risco de depressão
Quando não tem acompanhamento médico ideal, a mulher pode não saber que está passando pela menopausa precoce. A consequência: se sentir ainda mais atingida pelas mudanças que a diminuição dos níveis de hormônios causa no corpo. “O
estresse e a questão emocional pode afetar a qualidade do óvulo e contribuir para a parada do ciclo menstrual”, diz Karla. Se necessário, antidepressivos e calmantes são receitados. Porém, medidas como exercícios físicos e alimentação saudável – sem álcool, doces, gorduras e produtos processados; e com alimentos integrais, sementes e produtos de soja – ajudam a manter a qualidade de vida da mulher e a combater o desconforto que só quem já passou pela menopausa conhece.