Ondas de calor, suores noturnos e ciclo menstrual irregular costumam ser os primeiros sinais que vêm à mente quando se fala em menopausa. Mas, segundo a ginecologista Janifer Trizi, essa fase envolve transformações muito mais amplas, algumas delas sutis, silenciosas e facilmente confundidas com outros problemas de saúde.
“Muitas mulheres acreditam que não estão na menopausa porque ainda menstruam ou não sentem os sintomas clássicos. Mas as alterações hormonais começam anos antes do último ciclo e podem afetar o corpo de formas inesperadas”, explica Janifer, especialista em menopausa, endometriose e saúde integrativa.
Um levantamento realizado por um grupo de universidades brasileiras mostra que sete em cada dez mulheres entre 45 e 65 anos apresentam sintomas do climatério, mas menos de 30% procuram ajuda médica. “Ignorar esses sinais pode afetar a saúde a longo prazo, principalmente à óssea, cardiovascular e metabólica”, alerta a médica.
A seguir, ela detalha dez sintomas pouco comentados da menopausa – e o que pode ser feito para controlá-los.
1. Formigamentos e dormências
Sensações de dormência ou formigamento nos braços, pernas ou mãos podem estar ligadas às flutuações hormonais. Embora muitas mulheres pensem em causas neurológicas ou ortopédicas, esse desconforto pode surgir durante o climatério e costuma melhorar com ajustes hormonais e hábitos que estimulam a circulação.
2. Queimação na boca
Conhecida como “síndrome da boca ardente”, a sensação de ardor ou boca seca é um dos sintomas mais raros da menopausa. Ela ocorre devido à queda dos hormônios que regulam a sensibilidade das mucosas.
3. Tonturas e desequilíbrios
Alterações na pressão e na circulação podem gerar vertigens ou desequilíbrio. Atividades como ioga e pilates ajudam a estabilizar o sistema nervoso e melhorar o bem-estar físico.
4. Palpitações cardíacas
Os batimentos acelerados e a sensação de coração “disparado” podem estar relacionados às variações hormonais que afetam o sistema nervoso autônomo. O controle do estresse e acompanhamento médico são essenciais.
5. Zumbido nos ouvidos
A queda dos níveis de estrogênio e progesterona pode interferir na função auditiva. Muitas pacientes relatam ouvir ruídos que antes não existiam. O sintoma tende a diminuir com o equilíbrio hormonal.
6. Ressecamento vaginal
A redução do estrogênio afeta diretamente a lubrificação natural, o que pode causar dor e desconforto durante as relações sexuais. Cremes vaginais e reposição hormonal são aliados nesse caso.
7. Lapsos de memória
Esquecimentos e dificuldade de concentração — a chamada “névoa mental” — são comuns. Os hormônios femininos atuam na função cognitiva, e sua queda pode comprometer a clareza mental temporariamente.
8. Crises de pânico e ansiedade
A variação hormonal influencia neurotransmissores como a serotonina, podendo provocar sintomas de ansiedade ou pânico, especialmente em mulheres com predisposição emocional.
9. Cansaço persistente
Mesmo dormindo bem, muitas mulheres relatam fadiga e falta de energia. Isso ocorre porque o metabolismo desacelera e o sono reparador é prejudicado pela oscilação hormonal.
10. Irritabilidade e oscilações de humor
Mudanças bruscas de humor e episódios de tristeza são reflexos naturais da variação hormonal, somados às alterações no sono e no bem-estar.
Segundo Janifer, é importante que mulheres entre 45 e 55 anos observem esses sinais e busquem acompanhamento. “Mesmo sem sintomas intensos, a perda hormonal traz impactos silenciosos. A prevenção deve começar antes que as queixas se tornem constantes”, orienta.
Sobre o tratamento, a médica reforça que cada caso deve ser avaliado individualmente. “A terapia hormonal é uma das principais opções, mas pode ser combinada com estratégias complementares, como nutrição, fitoterapia e práticas antiestresse. Essa combinação favorece uma transição mais leve e saudável para o novo ciclo da vida feminina.”
Resumo:
A menopausa envolve mais do que ondas de calor. Sintomas como formigamentos, zumbido no ouvido e ansiedade podem indicar desequilíbrio hormonal. A ginecologista Janifer Trizi orienta que o acompanhamento médico e o tratamento personalizado ajudam a controlar os desconfortos e preservar a qualidade de vida.
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