O mau hálito bucal e estomacal, geralmente, causam desconforto e constrangimento para quem os experimenta e também para aqueles ao redor.
AnaMaria conversou com o cirurgião dentista,Victor Nastri, e com o cirurgião gastrointestinal, Lucas Nacif, para entender as causas e como elas podem ser tratadas para reduzir ou eliminar o problema.
Mau hálito bucal e estomacal
O mau hálito estomacal e o mau hálito bucal são condições distintas que podem causar desconforto e constrangimento, mas têm origens e características diferentes.
A halitose bucal refere-se ao odor desagradável que se origina na própria boca. Pode ser causado por várias razões, incluindo a presença de bactérias na superfície da língua, entre os dentes ou na gengiva. Essas bactérias produzem compostos de enxofre voláteis, responsáveis pelo odor característico do mau hálito bucal.
Fatores como má higiene oral, cáries não tratadas, gengivite, língua saburrosa (com acúmulo de resíduos alimentares e células mortas), boca seca e certas dietas podem contribuir para o desenvolvimento da halitose bucal. Este tipo de mau hálito pode ser temporário, como após o consumo de alimentos com cheiros fortes (como alho ou cebola), ou pode ser persistente, indicando problemas de saúde bucal que requerem atenção odontológica.
O mau hálito estomacal, também conhecido como halitose estomacal, ocorre quando o conteúdo ácido do estômago, que normalmente fica contido dentro do trato gastrointestinal, retorna até a boca. Isso pode ocorrer devido ao refluxo gastroesofágico, uma condição na qual o ácido do estômago e outros conteúdos podem regurgitar para o esôfago e até a garganta.
Quando isso acontece, o odor que acompanha é frequentemente ácido e pode lembrar o cheiro de arrotos. Esse tipo de mau hálito é geralmente transitório e dura apenas alguns segundos ou minutos após a regurgitação do conteúdo estomacal.
“Mesmo com uma boa higiene, condições sistêmicas ou dietéticas podem causar mau hálito. Na maioria das vezes, a origem é bucal, e problemas estomacais são menos frequentemente a causa”, aponta Victor.
Principais sintomas do mau hálito e estomacal
- Gosto ácido na boca;
- Queimação estomacal;
- Tosse seca;
- Refluxo de líquido até a boca.
Esses sintomas podem variar em gravidade e frequência de pessoa para pessoa. Em casos mais graves ou persistentes, o refluxo gastroesofágico pode levar a complicações como esofagite (inflamação do esôfago), úlceras esofágicas e até mesmo aumento do risco de câncer de esôfago em alguns casos.
As causas do refluxo gastroesofágico podem incluir enfraquecimento do esfíncter esofágico inferior (a válvula muscular entre o esôfago e o estômago), que pode permitir que o ácido do estômago reflua para cima, além de causas como obesidade, gravidez, certos medicamentos, dieta inadequada (incluindo alimentos ácidos, gordurosos ou condimentados) e tabagismo.
Como resolver problema de mau hálito? Conheça também as possíveis causas
Principais sintomas do mau hálito bucal
- Dor desagradável; perceptível ao falar ou respirar;
- Gosto ruim, amargo ou metálico na boca;
- Placas na língua (uma camada branca ou amarelada que pode ser visível)
- Sangramento ou inchaço das gengivas durante a escovação;
É importante notar que esses sintomas estão geralmente interligados e podem indicar problemas subjacentes que requerem atenção odontológica imediata.
Manter uma boa rotina de higiene oral, incluindo escovação regular dos dentes, uso de fio dental, limpeza da língua e visitas periódicas ao dentista para limpezas profissionais e exames regulares são essenciais para prevenir e tratar esses problemas bucais. Além disso, uma dieta equilibrada e evitar hábitos como fumar também são importantes para a saúde bucal geral.
Segundo Nacif, a higiene bucal ajuda no controle de quase todo o sistema digestivo, principalmente por ser a entrada do trato digestivo.
Tratamentos para mau hálito bucal e estomacal
Victor e Lucas apontam que o tratamento dos problemas bucais como mau hálito persistente, placa na língua, gengivite e outros sintomas associados geralmente requerem uma abordagem abrangente que inclui intervenções clínicas, mudanças nos estilos de vida e, em alguns casos, tratamento medicamentoso ou cirúrgico.
Clinicamente, é essencial realizar limpezas profissionais regulares para remover placa bacteriana, tártaro e manchas que não podem ser removidos eficazmente com a escovação diária. Além disso, o tratamento de cáries e a restauração dentária são fundamentais para eliminar focos de infecção e restaurar a saúde dos dentes afetados.
Em casos específicos, pode ser necessário tratamento medicamentoso. Isso inclui o uso de enxaguatórios bucais antibacterianos ou antibióticos prescritos para controlar infecções persistentes e reduzir a inflamação. Para condições mais graves, como doença periodontal avançada com perda significativa de tecido ósseo, intervenções cirúrgicas podem ser indicadas.
Cirurgias periodontais visam restaurar a saúde dos tecidos gengivais e ósseos ao redor dos dentes afetados, enquanto procedimentos cirúrgicos adicionais podem ser necessários para remover cáries extensas ou restaurar tecidos danificados.
Está desconfiando que sofre com um desses problemas? Lembre-se de consultar periodicamente seu dentista ou seu gastroenterologista.
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