O mês de maio é dedicado ao Maio Roxo, uma campanha que tem como objetivo chamar atenção para as doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Embora essas condições afetem milhares de brasileiros, ainda são pouco conhecidas e, muitas vezes, confundidas com quadros simples de má digestão ou intolerância alimentar.
Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, mais de cinco milhões de pessoas no mundo convivem com essas doenças. No Brasil, estima-se que mais de 100 a cada 100 mil habitantes sejam diagnosticados com alguma dessas inflamações crônicas no intestino.
Quem reforça a importância da campanha é o cirurgião gastrointestinal Lucas Nacif, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD): “Essas condições não são apenas desconfortos intestinais. Elas precisam ser investigadas com cuidado para evitar confusões com distúrbios mais simples. O processo inflamatório é crônico e, se não for tratado da maneira certa, pode provocar lesões graves no intestino.”
Maio Roxo e os sinais que pedem atenção
Um dos principais alertas do Maio Roxo é a dificuldade de diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais. Isso acontece porque os sintomas costumam ser confundidos com problemas comuns, como síndrome do intestino irritável ou intoxicação alimentar. No entanto, como explica Nacif, o quadro exige muito mais atenção.
Entre os sintomas mais relatados estão:
- Diarreia frequente e persistente
- Dor ou cólica abdominal
- Sangue nas fezes
- Perda de peso involuntária
- Cansaço constante
“Por serem sinais pouco específicos, o diagnóstico pode demorar anos. Enquanto isso, a inflamação progride de forma silenciosa e compromete a saúde intestinal”, alerta o especialista. Por isso, exames como endoscopia e colonoscopia são fundamentais para identificar e diferenciar essas enfermidades.
O papel do diagnóstico precoce nas doenças inflamatórias intestinais
Com um diagnóstico precoce, é possível controlar os sintomas e evitar complicações mais sérias. O tratamento adequado ajuda a reduzir inflamações, melhorar a qualidade de vida e, em muitos casos, adiar ou até evitar cirurgias.
No entanto, quando o tratamento clínico não dá conta ou quando há risco de complicações, a cirurgia pode ser indicada. Segundo Nacif, embora muitos pacientes ainda tenham medo da intervenção cirúrgica, em alguns casos, ela é essencial para evitar desfechos mais graves.
“As cirurgias garantem alívio dos sintomas e qualidade de vida, especialmente quando a inflamação causa fístulas, perfurações ou obstruções intestinais”, explica o médico.
Avanços no tratamento das doenças inflamatórias intestinais
Graças ao avanço da medicina, os tratamentos vêm evoluindo. Hoje, medicamentos biológicos e imunossupressores ajudam a controlar o quadro inflamatório e adiar complicações. Ainda assim, entre 30% a 50% dos pacientes com Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa vão precisar de cirurgia em algum momento da vida.
As indicações mais comuns para esse tipo de procedimento incluem:
- Estreitamentos ou obstruções intestinais
- Fístulas complexas
- Sangramentos intensos
- Risco ou confirmação de câncer
Entre as cirurgias mais realizadas estão:
- Ressecção intestinal (remoção da parte inflamada do intestino)
- Colectomia parcial ou total
- Proctocolectomia com bolsa ileal (pouch)
- Estomas (como ileostomia ou colostomia), temporários ou permanentes
Controle é possível, mesmo sem cura definitiva
Apesar de não haver cura definitiva para essas doenças, Nacif garante que o controle é possível e faz toda a diferença na vida dos pacientes. “Com o tratamento certo, conseguimos reduzir bastante a inflamação, evitar internações e permitir que a pessoa viva com autonomia e bem-estar”, afirma.
Além disso, ele lembra que o risco de câncer colorretal é maior entre pacientes com doenças inflamatórias intestinais de longa duração. “Após oito anos de diagnóstico, é importante fazer colonoscopias com biópsias regularmente, para detectar qualquer alteração precoce”, orienta.
Maio Roxo é um convite ao autocuidado
Durante o Maio Roxo, o recado dos especialistas é claro: não ignore os sinais que seu corpo dá. Ao perceber mudanças persistentes no funcionamento do intestino, procure um médico, realize os exames indicados e, se necessário, inicie o tratamento quanto antes.
“Quanto antes cuidarmos do intestino, menores serão as chances de enfrentarmos desfechos mais sérios”, conclui o especialista. Portanto, manter um olhar atento para a própria saúde é o primeiro passo para viver bem, mesmo convivendo com uma condição crônica.
Resumo: Neste Maio Roxo, a campanha chama atenção para as doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Embora ainda pouco conhecidas, essas condições podem causar complicações graves se não forem tratadas. O diagnóstico precoce é essencial para preservar a qualidade de vida.
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