O acúmulo irregular de gordura em áreas como quadris, pernas e braços, muitas vezes confundido com obesidade ou celulite, pode ser, na verdade, lipedema. Essa doença crônica, que atinge predominantemente mulheres, causa dor, sensibilidade e limitações na mobilidade, comprometendo a qualidade de vida.
Segundo o estudo “Prevalência e Fatores de Risco para Lipedema no Brasil”, realizado em 2023, o problema atinge 12,3% das mulheres brasileiras, o que representa cerca de 200 mil casos só no Espírito Santo e milhões no Brasil.
O lipedema costuma surgir na puberdade e pode se agravar com a obesidade. Muitas pacientes relatam sintomas como pernas pesadas, hematomas frequentes, inchaços e sensibilidade ao toque, além de um aspecto ondulado na pele, similar à celulite.
A modelo Yasmin Brunet, de 36 anos, recentemente compartilhou sua experiência com o lipedema. Ela relatou sentir muitas dores e hematomas frequentes nas pernas antes de descobrir o diagnóstico.
Após acompanhamento com o cirurgião vascular Dr. Alexandre Amato, Yasmin seguiu um tratamento que incluiu mudanças na alimentação, prática de exercícios e acompanhamento profissional. O resultado foi surpreendente: ela perdeu 14 kg de gordura e 1 kg de massa magra sem necessidade de cirurgia.
A modelo destacou que cortou o glúten para melhorar a resposta do tratamento e mostrou sua transformação:
Olha esse antes e depois! Estou muito chocada. Perdi 15 kg e a qualidade da minha pele melhorou muito.”
O médico explicou que a modelo conseguiu eliminar 4,6 litros de gordura dos membros inferiores, um volume superior ao que seria removido em uma lipoaspiração convencional. “Se ela tivesse feito cirurgia, não teria alcançado o mesmo resultado”, afirmou o Dr. Amato.
O que é o lipedema?
O lipedema é um transtorno progressivo do tecido adiposo que não está relacionado diretamente ao excesso de peso, pois a gordura acumulada nesse caso tem características diferentes da obesidade. Ela tende a formar nódulos no subcutâneo, além de apresentar componente inflamatório significativo.
Embora sua causa ainda não seja totalmente conhecida, sabe-se que há influências hormonais e predisposição genética.
Principais sintomas do lipedema
- Sensação de peso nas pernas
- Formação de hematomas espontâneos
- Dor ao toque
- Inchaço recorrente
- Dificuldade de mobilidade
- Depósitos de gordura desproporcionais em pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, braços
Classificação do lipedema: 5 tipos da doença
A doença pode afetar diferentes partes do corpo e é classificada da seguinte forma:
Tipo I – Acometimento do umbigo até os quadris
Tipo II – Acometimento até os joelhos, com acúmulo de gordura nas laterais e parte inferior dos joelhos
Tipo III – Acometimento até os tornozelos, formando um “manguito” de gordura acima dos pés
Tipo IV – Acometimento dos braços, geralmente associado aos tipos II e III
Tipo V – Acometimento apenas da região do joelho para baixo
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do lipedema é clínico, ou seja, não há exames laboratoriais ou de imagem que confirmem a doença. Exames como ultrassom, densitometria corporal e bioimpedância podem auxiliar na avaliação, mas não são definitivos.
O tratamento do lipedema não se baseia apenas na perda de peso, pois a gordura envolvida nesse transtorno tem características diferentes da gordura comum.
As principais abordagens terapêuticas incluem:
Reeducação alimentar – Dieta anti-inflamatória sem glúten, leite e açúcar pode reduzir os sintomas
Atividade física regular – Exercícios na água, como hidroginástica e natação, são altamente recomendados
Drenagem linfática – Auxilia na redução do inchaço e melhora da circulação
Suporte psicológico – Muitas mulheres enfrentam discriminação e impacto emocional devido à condição
Uso de fitoterápicos e medicamentos – Podem ajudar no controle dos sintomas, mas não curam a doença
A cirurgia plástica (lipoaspiração adaptada) só é indicada em casos mais graves, quando há comprometimento da mobilidade e deformidades significativas.
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