O sentimento de rejeição é muito comum entre nós, especialmente em tempos de redes sociais. Pense no gesto de dar de costas ou numa expressão de desdém.
Isso, para a maioria das pessoas, dói. E não é dor apenas emocional: pesquisas mostram que a dor física e a rejeição afetam as mesmas áreas cerebrais.
Aliás, um estudo chamado “teoria do apego”, desenvolvido pelo psicólogo John Bowlby, diz que o bebê precisa ter uma relação com alguém para que o seu desenvolvimento emocional, cognitivo e social ocorra de maneira saudável, já que a falta de vínculo nessa fase causaria insegurança crônica, baixa autoestima, transtornos ansiosos e depressivos que duram até a vida adulta.
Existe também o conceito Sensibilidade à Rejeição (SR). Pessoas com alta SR têm grande suscetibilidade à depressão e transtornos de ansiedade, além de dificuldades para manter relacionamentos e empregos.
Muitas vezes até fogem de relacionamentos para evitar a rejeição. Ou seja: rejeitam antes de serem rejeitadas. Por outro lado, as pessoas “blindadas” à rejeição apresentam resiliência suficiente para aceitar e superar.
Não é que não fiquem tristes, mas sabem dirigir seus pensamentos para algo melhor do que ruminar sobre a rejeição. Investem em autoconhecimento, em aprimoramento, em sua própria saúde.
Sabem também tentar novamente. No entanto, embora ruim, nem toda rejeição é tóxica. Imagine uma rejeição em uma prova de admissão ou entrevista de emprego. É chato.
Mas são oportunidades de ouro para o crescimento pessoal. Especialmente quando há um retorno, quando a empresa ou a
universidade tem o cuidado de transmitir um feedback e maneiras de melhorar.
Ou, então, ser rejeitado por um grupo que, pensando bem, não tem nada a ver com você. E quando a pessoa que rejeita na verdade, em si, é
tóxica? Essa rejeição, neste caso, será até um favor, pois dará fim a tal sofrimento. Então pense bem e acredite: nem toda rejeição é
tóxica. Ela pode até fazer bem.
Nem tudo é rejeição!
Na psiquiatria e psicologia há todo um esforço para orientar uma rejeição sofrida, oferecendo cuidado e atenção. Se você se sente assim precisa se fortalecer. Faça terapia, aprenda a mudar seus padrões de pensamentos negativos. E se estiver deprimida, cerque-se das pessoas que a amam: nem tudo é rejeição. E nunca desista de buscar seu verdadeiro lugar.
Cuidado com o álcool
Uma rejeição traz grandes riscos na adolescência, levando o jovem ao uso de álcool e outras drogas. Portanto, cuidado! Beber nessa situação é muito pior. A cultura de afogar as mágoas nunca deu certo! E isso vale para outras idades também.
LUIZ SCOCCA É psiquiatra com mais de 20 anos de atendimento em consultório próprio, além da participação em grupos de estudo,
congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associações brasileira e americana de psiquiatria: ABP e APA.