Os cantores Leonardo e Zé Felipe foram diagnosticados, na última segunda-feira (31), com sarna humana após visitarem uma casa abandonada há mais de 10 anos. Nos Stories, pai e filho relataram estar com muita coceira, porém já iniciaram os tratamentos contra a doença.
Além dos artistas, a escabiose, como é conhecida cientificamente, também está se alastrando entre os moradores da Praia Grande, no litoral de São Paulo, preocupando as autoridades locais. Isso porque se trata de uma doença altamente infecciosa e que, se não tratada adequadamente, pode levar à internação.
A grande questão da região é que, especialmente nos bairros mais pobres, não há acesso aos medicamentos necessários. Assim, o surto de sarna humana já dura, pelo menos, seis meses. Além disso, devido às altas taxas de reinfecção, não há dados sobre o número de casos da doença – como informou a Secretaria de Saúde Pública de Praia Grande ao portal G1.
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Mas afinal, o que é a sarna? A doença é causada por um ácaro parasita, chamado Sarcoptes scabiei, que se alimenta da camada superficial da pele. De acordo com a dermatologista Fernanda Nichelle, as principais características da escabiose são as coceiras intensas e as lesões nos dedos das mãos, que atingem homens e mulheres de todas as idades.
TRANSMISSÃO
O maior problema é que, ao tocar outras áreas do corpo com as mãos, o parasita acaba se espalhando – principalmente nas coxas, nádegas, axilas e cotovelo, as áreas quentes do corpo. A especialista explica que, nos homens, a infecção é mais comum nos órgãos genitais, enquanto nas mulheres, nos seios.
O mesmo acontece quando há o contato com uma pessoa contaminada. “A sarna é transmitida entre pessoas que convivem juntas, através da partilha de roupas, lençóis ou toalhas. Por isso, é recomendado evitar o contato direto com a pele da pessoa infectada ou com suas roupas”, alerta a médica.
Nesse contexto, vale destacar que, apesar da escabiose ser bastante comum em cachorros, não é possível contrair a doença dos animais, uma vez que se tratam de parasitas diferentes. Ao contrário do que muitos pensam, as maneiras de contrair a sarna humana são através do contato com alguma pessoa/objeto contaminado ou frequentar locais com baixas condições de higiene – como aconteceu com Leonardo e Zé Felipe.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da escabiose é simples e costuma ser feito através de um exame clínico das lesões. Segundo Fernanda, a identificação pode ser feita por um clínico geral em um pronto-socorro, por exemplo. O recomendado, porém, é procurar um dermatologista para o tratamento especializado.
A médica também destaca que, além das coceiras intensas, que se acentuam à noite, também há a formação de pápulas – ou seja, pequenas lesões ou crostas devido ao ato de coçar os locais atingidos. “Em alguns casos, a coçadura pode levar a contaminação do local e até mesmo uma infecção secundária“, ressaltou em menção aos casos dos moradores de Praia Grande.
TRATAMENTO
O primeiro passo após o diagnóstico de sarna humana é garantir a prevenção de qualquer pessoa com as quais o contaminado tenha contato, especialmente dentro de casa. Dessa forma, o recomendado é garantir os bons hábitos de higiene e trocar de roupas diariamente, porque o ácaro sobrevive horas, às vezes dias, fora do corpo.
Outra medida importante é que, em caso de transmissão, todos os familiares ou parceiros/as iniciem o tratamento ao mesmo tempo, de maneira a evitar uma reinfecção. “Caso tenha tido contato com alguém que tenha a doença, procure certificar-se de que você é todas as pessoas com quem convive proximamente estão recebendo tratamento simultâneo”, destaca.
A boa notícia é que o tratamento é simples e dura apenas alguns dias, podendo ser feito através de inseticidas especiais, escabicidas de uso tópico ou até mesmo por remédios de via oral. “É importante que a aplicação seja repetida depois de sete a dez dias para combater os ácaros provenientes dos ovos que ainda não haviam eclodido na primeira aplicação”, finaliza Fernanda Nichelle.