Larissa Manoela participou de um evento em defesa do fim da pobreza menstrual, no último domingo (29). Nele, a atriz contou que sofria de muitas dores no período menstrual, a ponto de desmaiar. Após realizar exames e acompanhamentos para descobrir o motivo por trás de seu sofrimento, ela foi diagnosticada com endometriose.
Assim como Larissa, muitas mulheres sofrem com o problema. De acordo com o ginecologista Geraldo Caldeira, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo (SP), a doença ocorre quando o tecido da camada interna do útero – chamado endométrio – descama fora da cavidade uterina durante a menstruação.
Acontece que esse tecido, em vez de ser expelido normalmente, inicia um processo inflamatório do peritônio – membrana que reveste os órgãos abdominais. Isso pode comprometer outras estruturas, como ovários, trompas, intestino e bexiga, podendo, inclusive, causar infertilidade.
DIAGNÓSTICO
As cólicas são o principal sintoma. “Temos que pensar na hipótese de endometriose para toda paciente que tem cólica menstrual”, explica o médico. Além delas, dores nas relações sexuais ou dores pélvicas sem causas aparentes também podem indicar o distúrbio.
A investigação da endometriose pode ser feita através de uma ressonância magnética pélvica e uma ultrassonografia com preparo intestinal. A principal questão, segundo Caldeira, é que muitos médicos não escutam as queixas das pacientes e nem pedem esses exames necessários para o diagnóstico.
“Não é normal uma paciente falar ‘quando menstruo não consigo trabalhar, tenho que ir ao pronto-socorro’, ou seja, ela está perdendo qualidade de vida e mesmo assim ocorre de não ser investigado”, esclarece.
TRATAMENTO
O obstetra ainda revela que o principal tratamento é por meio da laparoscopia, cirurgia com a ressecção de todos os focos da endometriose. Quanto mais cedo for identificada, melhor, já que haverá melhores chances da doença estar em estágio inicial e da laparoscopia conseguir ressecar toda a lesão, curando a paciente.
Um fator que deve ser levado em consideração na hora de definir o caminho a ser seguido é se a endometriose invadiu o ovário ou não. Caso isso ocorra, uma parte dele também deverá ser ressecada, o que pode comprometer a reserva ovariana e, consequentemente, a fertilidade da mulher.
Por isso, o tratamento pode seguir uma linha diferente, dependendo da idade da pessoa e do tamanho da sua reserva de óvulos no ovário.
“Se é uma paciente jovem, com boa reserva ovariana, pode-se pensar nesta cirurgia primeiro. Se é uma mulher com mais de 35 anos ou com uma reserva não tão boa, é interessante congelar óvulos primeiro ou fazer uma fertilização in vitro antes da cirurgia”, completa Geraldo.