Muito comentado nos últimos tempos, o jejum intermitente causa polêmica e traz opiniões controversas. A série documental da Netflix chamada ‘A Indústria da Cura’ abordou, recentemente, um episódio inteiro para falar sobre seu uso e riscos quando a ferramenta não é aplicada da maneira correta. A estratégia para perda de peso possui defensores ferrenhos, mas causa dúvidas a respeito da eficácia e efeitos colaterais.
“A controvérsia já começa no fato de que existem muitos modelos de jejum intermitente (jejum tempo restrito, modelo com jejum total, alternância entre dias livres com dieta de 500 kcal, entre outros). Cada um tem sua particularidade e há pessoas que acham mais fácil seguir plano como esse do que uma restrição calórica monótona todos os dias. Contudo, a adesão ao jejum intermitente é mais baixa do que com dietas tradicionais”, explica Igor Barcelos, endocrinologista e metabologista especializado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Entenda se essa prática funciona mesmo.
RESTRIÇÃO CALÓRICA
O especialista ressalta que muitos defensores dizem que o jejum aumenta o gasto energético por conta da diminuição acentuada de insulina (cetogênese), mas há evidências de que o fato não ocorre nos humanos, uma vez que o corpo leva muito mais tempo para deixar a cetose se instalar do que as 16 horas que alguns preconizam.
Em resumo, se uma pessoa decide realizar o procedimento, o que leva ao emagrecimento é muito mais a restrição calórica, que pode ser alcançada de maneira saudável com uma dieta indicada por especialista.
“Se, mesmo assim, o jejum intermitente faz sentido para você, ele pode ser uma modalidade a ser aplicada no seu caso, mas lembrando que o mais importante é o quanto você consegue manter uma restrição calórica por longo prazo. E nem sempre o que é bom para você é também para outra pessoa”, adverte.
PERDA DE PESO E CONTROLE DA PRESSÃO
De fato, existem vários estudos promissores usando a estratégia de jejum intermitente em ratos obesos, o que leva à perda de peso, diminuição da pressão arterial, queda nos níveis de colesterol e de açúcar no sangue. Ainda assim, pesquisas em humanos não demonstram superioridade a qualquer outro tipo de dieta.
INSULINA
Segundo Igor, é sabido que entre as refeições (e sem alimentos) os níveis de insulina diminuem e as células de gordura liberam o açúcar armazenado para ser usado como energia. “A ideia do jejum intermitente é fazer com que esses níveis de insulina diminuam o suficiente e por tempo o bastante para queimar mais gordura. Os dados sugerem que isso ocorra após 8h a 10h da última refeição”, conta.
COMBINAÇÃO COM DIETA E ESTILO DE VIDA SAUDÁVEIS
Outras pesquisas mostram que o momento do início do jejum é fundamental para o seu sucesso. Na verdade, quando feito de forma combinada com uma dieta e estilo de vida saudáveis, ele pode ser eficaz para a perda de peso, especialmente para pessoas em risco de diabetes. No entanto, não deve ser indicado para pacientes já diabéticos e em fase de tratamento, indivíduos com histórico de distúrbios alimentares e mulheres grávidas ou que amamentam.