A australiana Tara Jayne McConachy, de 33 anos, ficou conhecida recentemente por “ativar o modo boneca”, como ela mesmo descreveu em diversas matérias que repercutiram mundialmente. A influencer gastou certa de 200 mil libras esterlinas (cerca de R$ 1,2 milhão) para fazer modificações em seu corpo e rosto. Hoje, insiste estar feliz com o resultado. Ela dividiu opiniões ao publicar fotos nas redes sociais com a provocação bem no auge do filme Barbie, daí a expressão “modo boneca” usada pela modelo. Mas será que provocar uma transformação tão grande no visual é saudável?
“Eu acho que não, inclusive, penso ser uma atitude fora da nossa realidade. Ativar o ‘modo boneca’ é procurar uma estética parecida com a de um brinquedo, que consiste em uma cintura muito fina, que às vezes as pacientes relacionam isso com a ressecção de uma costela, o malar bem pronunciado, o queixo marcado e lábios extremamente preenchidos, ou seja, algo completamente artificial, que foge da beleza natural e tranquila que deve ser exaltada”, explica a cirurgiã plástica Tatiana de Moura.
Atualmente, somente no Brasil, de acordo com pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, em 2020, foram feitas cerca de 1,3 milhão de cirurgias, ou seja, estamos atrás apenas dos Estados Unidos, campeão em procedimentos. Contudo, mais do que estatísticas, é preciso avaliar os riscos.
Para Tatiana, qualquer cirurgião tem o poder de interferir na decisão da paciente, a partir do momento em que expõe todos os riscos de uma cirurgia, como uma ressecção de costela ou uma lipo muito exagerada, a fim de afinar a cintura ou aumentar o bumbum. “Ao expor riscos, benefícios e as técnicas possíveis, acredito que o cirurgião pode se negar a fazer algo que ele não concorde também”, avalia.
PODE VICIAR
A médica ainda ressalta que a cirurgia plástica pode ser viciante para alguns pacientes. Isso porque existe um transtorno mental chamado de dismorfia corporal, onde o paciente tem uma autoimagem distorcida de si mesmo. E esse indivíduo pode ser esteticamente muito harmonioso, bonito, agradável na visão das outras pessoas, mas ela não acha isso, e procura todos os tipos de procedimentos para mudar essa ideia. “Já tive pacientes que perseguiam o corpo e rosto perfeitos, passando do ponto, porque não estavam em equilíbrio. Essa patologia deve ser tratada com ajuda de um psiquiatra para dar tranquilidade e alívio ao paciente”, conta Tatiana.
A pessoa com dismorfia corporal costuma não saber ouvir uma resposta negativa ao que busca, o que a leva a uma verdadeira colaboração de cirurgião a cirurgião, na tentativa de encontrar aquele que aceite fazer a mudança que tanto deseja. “Muitas vezes o profissional de saúde orienta, mas nem sempre é ouvido. Normalmente, esse tipo de paciente não para em um consultório só e, quando para de mexer no nariz, vai fazer outro procedimento em outra área do corpo. Infelizmente, nesses casos, eles só diminuem as cirurgias quando fazem um tratamento psicológico/psiquiátrico ou quando tem alguma sequela grave, o que é muito triste”, reflete.
COMO EVITAR ERROS NA HORA DA CIRURGIA?
A pedido de AnaMaria Digital, Tatiana de Moura elenca algumas dicas para que você não se arrependa após fazer uma cirurgia plástica e, assim, previna erros:
- Na primeira consulta seja muito sincero, expondo todos os seus objetivos e suas expectativas. Dessa forma, o profissional poderá indicar a melhor técnica;
- Cuide da sua saúde! Faça um check-up e, se você tiver alguma comorbidade como diabetes, hipertensão, anemia, converse com seu médico. “No caso de pacientes tabagistas, aconselhamos que interrompa o hábito antes e depois da intervenção, visando melhores resultados”, diz;
- Não se espelhe em celebridades, modelos, artistas ou atletas. Cada pessoa tem suas características e a melhor forma de tirar da própria imagem a melhor imagem, do próprio corpo, o melhor do corpo, seja só com uma cirurgia, ou seja, aliando cirurgia com atividade física;
- Tenha consciência de que a cirurgia plástica é uma ciência não exata, ou seja, por mais que o cirurgião possa trabalhar da melhor forma possível, ser bem-preparado, ser um bom cirurgião e você estar bem de saúde, ainda existem riscos inerentes aos procedimentos. Assim, pode haver alguma intercorrência e o resultado não ser exatamente o que foi planejado nem pelo cirurgião e nem por você. Isso é real e deve ser levado em consideração;
- Mantenha todas as orientações e faça tudo o que foi orientado no pós-operatório. É primordial respeitar o repouso, o uso das cintas compressivas, o uso das medicações, das pomadas para prevenção de queloide, e tudo mais. Com os cuidados devidos, você terá melhores resultados;
- Tenha paciência! Todos os processos biológicos têm seu tempo e precisam ser respeitados.
*RENATA RODE é escritora nata, desde os 11 anos (idade em que escreveu seu primeiro livro). Repórter, jornalista formada e curiosa, é também autora de livros sobre comportamento e ghost writer. Já foi repórter de celebridades na Record TV, colunista especial do UOL e aqui, na Revista AnaMaria, vai falar sobre assuntos pertinentes ao Universo Feminino, sempre com um toque de irreverência.
Instagram: @renata.escritora