Se você nunca se tratou com homeopatia, provavelmente conhece o vizinho de uma amiga que já aderiu à ideia. Uma última estimativa divulgada sobre o assunto revelou que existem 15 mil médicos homeopatas no Brasil – indicativo de que as técnicas têm feito sucesso por aqui. Apesar disso, o tema ainda gera muitas dúvidas: “funciona mesmo?”, “como são os tratamentos?”, “criança pode?” Para esclarecer essas e outras questões, conversamos com Milton Takeuti, presidente da Associação de Homeopatia e
Homotoxicologia.
Qual a diferença entre a homeopatia e os tratamentos convencionais?
Na medicina tradicional, quando deparamos com um sintoma, em geral tomamos um remédio pra “bloqueá-lo” imediatamente.
Exemplo: se estamos com febre, tomamos um antitérmico, que vai baixar nossa temperatura corporal. Já na homeopatia, a intenção é que o organismo se autorregule para que possamos nos curar da doença. Por isso, primeiro se analisa de onde vem a febre, já que ela se trata apenas de um sinal de que algo no nosso corpo não está funcionando de maneira correta. Se a causa for uma inflamação na garganta, por exemplo, será usado um tipo de remédio para o tratamento. Se for um resfriado, será receitado outro. O medicamento homeopático tem como objetivo estimular a autorregulação do organismo, para que ele consiga se livrar do problema o quanto antes, por conta própria.
Quais medicações são usadas na homeopatia?
Os princípios ativos dos remédios são retirados do reino vegetal, mineral e animal. Ou seja, todos da natureza. Outra característica do método é a diluição: vários dos componentes são usados em doses muito baixas, pois são diluídos. Além disso, a técnica
trabalha com a lei dos semelhantes, que nada mais é que usar nos pacientes substâncias capazes de produzir os mesmos sintomas da doença que se quer tratar. Exemplo: uma pessoa sofre de insônia. Na natureza, uma das substâncias que pode afetar o sono é a cafeína. Seguindo essa lógica, a receita de um medicamento homeopático feito a partir do café pode melhorar a qualidade do sono.
Essas receitas só podem ser prescritas por profissionais e devem ser feitas em farmácias de manipulação.
É verdade que durante o tratamento os sintomas podem até piorar?
Sim. Esse processo é chamado pelos homeopatas de agravação. Ele ocorre porque, em alguns casos, os sintomas das doenças estão suprimidos no nosso organismo. Segundo a técnica da homeopatia, o remédio, ao estimular o processo de cura, provoca uma reação no corpo que libera esses sintomas, fazendo com que fiquem ainda mais intensos. Enquanto isso, o organismo, por si só, vai fazendo a correção do distúrbio.
Posso aliar homeopatia a tratamentos convencionais?
É perfeitamente possível fazer um tratamento com os remédios tradicionais e aliá-lo à homeopatia. Afinal, os profissionais da área são formados em medicina e visam ao bem-estar dos pacientes. Para isso, buscam dentro das possibilidades de ambas as áreas o melhor caminho.
É mais demorado do que na medicina convencional?
Isso é um mito. A velocidade do tratamento varia, mas existem medicamentos que surtem efeito muito rapidamente.
Pode ser feito em crianças?
Sim. Não existe contraindicação para as crianças. Inclusive, ela é muito usada para o tratamento de alergias, distúrbios do sono e de comportamento.
Homeopatia e Floral de Bach são a mesma coisa?
Não! Ao contrário do que muitos pensam, as técnicas utilizadas para a preparação dos Florais de Bach e dos medicamentos homeopáticos são totalmente diferentes.
Mas é polêmico, não é?
Ao longo dos anos, muitos debates já foram levantados ao redor do método. Enquanto algumas pesquisas medicinais demonstram seus efeitos positivos, outras questionam se ele é realmente eficiente. Que seja: a homeopatia aqui no Brasil é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e não pode ser exercida por leigos, somente por médicos formados. Além disso, sua prática foi
incorporada ao SUS desde 2006. Os planos de saúde também devem oferecer consultas com homeopatas, uma vez que essa é uma especialidade médica como qualquer outra e, portanto, está prevista no rol de cobertura desses serviços.