Já ouviu falar em harmonização peniana? O termo virou guarda-chuva para diferentes intervenções que prometem mudar a aparência do pênis. Entram aí preenchimentos com substâncias injetáveis e cirurgias de alongamento ou correção do chamado pênis embutido, quando a gordura da região púbica encobre parte do órgão.
Embora os vídeos nas redes sociais vendam a ideia de transformação rápida, trata-se de procedimentos que mexem com uma área ricamente vascularizada e nervosa, responsável por funções urinárias e sexuais. Por isso, qualquer intervenção requer avaliação criteriosa, indicação correta e técnica apurada.
A BBC News ouviu um paciente identificado como Jorge, que relatou ter feito três aplicações de PMMA ao longo de anos. Depois, surgiram inflamações, feridas e risco real de perda do órgão, o que levou a duas cirurgias reconstrutivas. “Quase perdi o pênis”, contou ele. Em suas palavras, as promessas publicitárias e a pressão estética pesaram na decisão: “Fujam das propagandas fantasiosas”, disse em entrevista ao portal.
O que está por trás das promessas?
Dois caminhos costumam aparecer nas propagandas:
- Preenchimentos com ácido hialurônico: substância reabsorvível, usada em outras áreas do corpo, com possibilidade de reversão por meio de uma enzima. O efeito é temporário e pode exigir reaplicações após meses.
- Injeções de PMMA (polimetilmetacrilato): material acrílico permanente. Uma vez aplicado, não é absorvido pelo organismo. Em caso de reação, migração ou resultado indesejado, a retirada costuma exigir procedimentos cirúrgicos mais complexos. A diferença entre “reabsorvível” e “permanente” não é detalhe técnico, é um divisor de risco. Quanto mais difícil a reversão, maior a chance de complicações difíceis de resolver.
Riscos
Os eventos adversos variam de irregularidades visíveis a complicações graves, como infecções, inflamações de repetição, formação de nódulos, dor crônica, comprometimento de vasos sanguíneos e necrose.
Quando a substância é aplicada fora do plano correto ou em um vaso, os danos podem ser severos e exigir reconstruções. A escrotoplastia “estética” e aplicações na bolsa escrotal, por exemplo, também carregam risco anatômico relevante.
Indicações médicas
- Correção de pênis embutido decorrente de acúmulo de gordura na região púbica, o que melhora a higiene e reduz problemas dermatológicos.
- Casos selecionados com queixa estética importante e expectativas realistas, cientes de limites e manutenção.
- Micropênis verdadeiro é um quadro pouco frequente e com manejo próprio, que não se confunde com insatisfação estética.
A Sociedade Brasileira de Urologia lembra que técnicas de preenchimento podem aumentar a circunferência, mas não ampliam o comprimento de fato.
Em média populacional, estudos citados pela SBU situam comprimentos típicos em torno de 13 a 14 cm em ereção, e 8,5 a 9,5 cm em flacidez, o que ajuda a calibrar expectativas.
Como reduzir riscos
Desconfie de “milagres” e pacotes promocionais. Procedimentos sérios não se vendem com urgência e gatilhos emocionais. Tem mais:
- Peça explicações por escrito: qual substância, lote, quantidade, plano de aplicação, riscos e como reverter.
- Priorize materiais reabsorvíveis quando a queixa é estética e o objetivo é teste de tolerância e resultado.
- Fuja de locais sem estrutura para complicações. Ambiente adequado, registro do profissional e consentimento informado são inegociáveis.
- Saiba que “permanente” significa também permanente em caso de erro. PMMA é difícil de retirar e pode migrar ou inflamar anos depois.
- Procure segunda opinião se a indicação parecer vaga, baseada em “antes e depois” e sem discussão de riscos.
O que fazer se algo der errado
Sinais de alerta incluem dor persistente, vermelhidão, calor local, febre, áreas arroxeadas, endurecimento irregular, saída de secreção e piora progressiva do edema.
Na presença desses sintomas, o caminho é atendimento imediato em serviço com urologia e cirurgia plástica, levando todas as informações do procedimento. Casos graves podem requerer retirada do material e cirurgias reconstrutivas.
Resumo:
Harmonização peniana reúne técnicas estéticas que prometem engrossar ou alongar o pênis, mas envolve riscos relevantes, sobretudo com materiais permanentes como o PMMA. Para além da propaganda, escolhas seguras exigem informação de qualidade, expectativas realistas e, muitas vezes, avaliação psicológica.
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