O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo. Em 2023, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou cerca de 73 mil novos casos do tumor no Brasil. Por isso, torna-se fundamental reforçar a importância do exame de mamografia.
A análise busca identificar possíveis alterações anormais no órgão. A prevenção e a detecção precoce da doença graças ao teste médico ajuda no tratamento e até mesmo nas chances de cura. Quanto mais cedo é o diagnóstico, maiores são as chances do paciente.
Ainda assim, a mamografia ainda carrega alguns mitos e perguntas. Pensando nisso, a médica Maria Eugenia Romanutti, médica da CEJAM, conversou com AnaMaria a fim de esclarecer algumas das dúvidas mais frequentes sobre o exame de prevenção ao câncer de mama.
Instituto promove a realização de mamografias gratuitas em São Paulo (SP)
1- O que é a mamografia?
A mamografia é um exame essencial para a detecção precoce de problemas no tecido mamário. O exame utiliza a tecnologia de Raio-X por meio de um dispositivo chamado mamógrafo. No procedimento, as mamas são posicionadas entre duas placas.
Uma delas aplica uma leve pressão para garantir uma distribuição uniforme do tecido. Por isso, muitas mulheres temem o possível desconforto causado pela máquina. No entanto, o processo é fundamental para garantir uma imagem clara e precisa.
“É crucial para permitir a detecção de lesões suspeitas que poderiam estar ‘escondidas’ no tecido mamário”, explica a especialista.
2- O exame é exclusivo para quem apresenta sintomas de câncer de mama?
A mamografia pode é considerada um exame diagnóstico. Ou seja, é solicitada devido à suspeita de alguma lesão ou alteração identificada previamente no exame físico. Porém, essa não é a única indicação do exame.
O teste também pode ser utilizado com a função de rastreamento. Isso significa que mulheres assintomáticas e sem alterações no exame físico também podem realizar o procedimento. Assim, é possível detectar possíveis lesões suspeitas de câncer de mama.
3- Qual a periodicidade do exame?
Segundo o Ministério da Saúde, mulheres sem fatores de risco devem realizar o exame de mamografia a cada dois anos – dentro da faixa etária recomendada, que é de 50 a 69 anos.
4- Mulheres só podem realizar o exame a partir dos 50 anos?
“Essa é a recomendação, no entanto, há algumas exceções que se aplicam a pacientes que já apresentaram alguma alteração em mamografia prévia. Nesses casos, a periodicidade também pode diminuir, variando para exames semestrais ou anuais, dependendo de cada situação”, diz Romanutti.
Mulheres consideradas de alto risco para câncer de mama também são exceção. Esse grupo inclui:
- Com histórico familiar em parentes de primeiro grau;
- Com mutação nos genes BRCA 1 ou BRCA 2 comprovados;
- Portadoras de síndromes que aumentam o risco desse tipo de câncer, como Li-Fraumeni e Cowden.
Nesses casos, a mamografia pode ser recomendada a partir dos 35 anos.
5- E mulheres mais jovens, com menos de 35 e 50 anos, como podem se cuidar nesse sentido?
Mulheres mais jovens tendem a ter a mama mais densa, ou seja, com mais tecido glandular do que tecido de gordura. O padrão acaba dificultando a visualização de lesões pela mamografia. Nesses casos, é preferível a realização de outro método para avaliação do tecido mamário, como a ultrassonografia.
Fernanda Lima faz alerta sobre câncer de mama e mostra sua mamografia
6- Qual a diferença entre a mamografia e a ultrassonografia da mama?
A mamografia é um exame que captura uma imagem da mama por meio de radiação (Raio-X), enquanto a ultrassonografia utiliza um transdutor para emitir e receber ondas sonoras, refletidas pelos órgãos ou tecidos avaliados.
A ultrassonografia é usada como complemento à mamografia para rastreamento do câncer de mama, e não como substituta. A exceção são os casos de pacientes menores de 35 anos. Ainda assim, o método é eficaz para analisar outros casos.
- Distinguir entre cisto e nódulo sólido;
- Examinar doenças inflamatórias da mama;
- Realizar avaliações durante a gestação e puerpério;
- Investigar implantes mamários;
- Entre outras aplicações;
7- Como a paciente deve se preparar para realizar a mamografia?
Segundo a médica, não há um preparo específico para o exame. A unica solicitação é que a paciente não utilize produtos específicos, como cremes, desodorantes ou talco nas mamas e axilas. A aplicação dessas substânciam podem interferir na qualidade do exame.
Além disso, ela ressalta que o procedimento é contraindicado em gestantes devido à exposição à radiação.
8-Quem tem silicone também pode fazer a mamografia?
Outra dúvida é quanto as mulheres que possuem silicona. Ao contrário das grávidas, as siliconadas podem sim fazer o exame de mamografia. “Mas, claro, é essencial avisar seu médico”, alerta Maria.
A médica também ressalta que apesar da ultrassonografia ser utilizada para avaliar a integridade da prótese, ela não substitui a mamografia para rastreamento de câncer de mama. Ou seja, as pacientes não só podem como devem realizar o exame, caso estejam na faixa etária para rastreio.
9- É possível fazer mamografia de forma gratuita?
A paciente que deseja o atendimento da rede pública deve buscar a Unidade Básicas de Saúde (UBS) de referência da sua região para realizar o seu cadastro. O registro pode ser feito com o Agente Comunitário de Saúde, se o território contar com Equipe de Estratégia Saúde da Família.
Após o cadastro, a paciente se vincula àquela unidade de saúde, garantindo atendimento contínuo e acesso aos serviços de atenção primária à saúde. Entre os serviços oferecidos, estão a promoção da saúde, prevenção de doenças e cuidados gerais para o bem-estar.
As Unidades Básicas de Saúde que não contam com Programa de Saúde da Família também têm o mesmo acompanhamento. O diferencial é o cadastro, que deverá ser realizado pelo usuário na própria UBS de referência.
10- Existe algum programa específico para cuidar de mulheres via SUS?
Sim! Segundo a especialista, as unidades gerenciadas pelo CEJAM contam com a Linha de Cuidado da Saúde da Mulher. Na unidade de saúde, os profissional oferecem assistência integral a todas as pacientes.
O processo inicia-se com a solicitação de exames, seguido de consultas com enfermagem. Nesta etapa, as pacientes contam com escuta qualificada e, se necessário, realizam o exame de mamografia. Caso alguma alteração seja identificada, a paciente é encaminhada para consulta médica.
O profissional avalia se há a necessidade de exames complementares ou encaminhamento a especialidades como mastologia ou oncomastologia. Em situações de exames altamente sugestivos de câncer, a solicitação da biópsia já pode ser realizada pelo médico.
Ainda que a paciente seja encaminhada para serviços secundários, ela segue sendo acompanhada pela equipe da Linha de Cuidado da CEJAM. A condução mensal pelos profissionais visa garantir que a paciente esteja aderindo ao tratamento proposto pelo clínico ou especialista.
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