Desde o início de 2024, o Brasil tem enfrentado uma triste onda de mortes entre fisiculturistas. O caso mais recente envolve um jovem de 19 anos que faleceu após uma parada cardiorrespiratória. A incidência das mortes, mesmo com causas distintas, eleva o alerta sobre os perigos dos anabolizantes, substâncias comuns entre os atletas de fisiculturismo, entenda mais sobre esse tema a seguir!
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, os anabolizantes são esteroides androgênicos anabólicos derivados principalmente da testosterona, hormônio responsável, entre outras coisas, por atuar no crescimento celular e em tecidos do corpo, como o ósseo e o muscular.
Muitos atletas usam os anabolizantes como forma de conseguirem melhorar a performance esportiva, já que essas substâncias, quando entram em contato com as células do tecido muscular, ajudam a aumentar o tamanho dos músculos.
Mas, em algumas categorias esportivas, isso é classificado como Doping, e o esportista pode ser punido. Dependendo da situação, o atleta pode até ser banido do esporte. Além disso, o uso de anabolizantes tem inúmeras consequências, podendo até ser fatal.
Caso de Matheus Pavlak
Matheus Pavlak, um promissor fisiculturista de 19 anos, iniciou sua jornada de exercícios em 2019 devido ao problema de obesidade, conforme revelou seu ex-treinador Lucas Chegatti ao g1.
Em 2022, com o emagrecimento visível, Matheus se apaixonou ainda mais pelo treino e, em 2023, passou a se dedicar às competições de fisiculturismo.
No domingo (1º), Matheus sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi encontrado sem vida em sua casa em Blumenau (SC), conforme divulgou o Corpo de Bombeiros Militar. O velório e o sepultamento ocorreram no dia seguinte.
Nas redes sociais, Matheus compartilhava com entusiasmo sua rotina de treinos e as transformações físicas. Ele competia em eventos locais e regionais e era filho do 2º Sargento da Polícia Militar de Santa Catarina, Joel Marcelino Pavlak, que também é professor de Educação Física.
Mortes precoces
Além do caso de Matheus, outras mortes de fisiculturistas ocorreram recentemente no Brasil, evidenciando a pauta sobre o real estado de saúde desses atletas e acendendo um alerta sobre os perigos dos anabolizantes.
Em outubro de 2023, Christian Figueiredo, de 29 anos, faleceu em São Paulo após um derrame e hemorragia, resultados de um procedimento cirúrgico. Ele tinha vencido o Musclecontest Brazil 2023 e estava prestes a competir entre os profissionais.
No mês seguinte, o médico e fisiculturista Rodolfo Duarte Ribeiro dos Santos, de 33 anos, morreu após uma parada cardíaca relacionada a um adenoma no fígado. A clínica onde trabalhava negou qualquer vínculo com o uso de anabolizantes.
Em junho, Cíntia Goldani, fisiculturista de 37 anos, faleceu no Rio de Janeiro devido a pneumonia bacteriana e choque séptico. Ela estava se preparando para o NPC Musclecontest Brazil, um importante campeonato de fisiculturismo no país.
Em agosto, Antônio Souza, de 26 anos, morreu após uma parada cardíaca após um campeonato em Navegantes (SC).
Perigos dos anabolizantes
Mesmo sem declarações diretas sobre o uso de medicações para potencializar o rendimento físico, as mortes, por serem precoces e em pessoas que até então aparentavam estar com a saúde em dia por serem atletas de alto nível, chamam à atenção para os perigos dos anabolizantes.
A prescrição de anabolizantes para fins estéticos e “melhora” do desempenho esportivo está proibida desde abril de 2023 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que entende que não há comprovação de benefícios para a saúde e o uso pode acarretar sérias complicações.
Para especialistas, é urgente de conscientização sobre os perigos dos anabolizantes. O uso também deve ser fiscalizado por federações de fisiculturismo, as quais deveriam ainda intensificar a educação sobre os riscos associados a essas substâncias.
O alerta também se dá em relação a idade. Especialistas indicam que o uso de anabolizantes, seja evitado até que a pessoa complete 25 anos, e que o acompanhamento médico rigoroso, com exames regulares, seja uma prioridade.
Isso porque, para a ciência, não há uma dose segura para o uso dessas substâncias. Além disso, a lista de efeitos colaterais é longa, podendo afetar diferentes partes do corpo. No cérebro, por exemplo, pode levar ao aumento da agressividade, chegando a quadros mais graves, como alucinações.
O caso de Matheus Pavlak e as recentes perdas no fisiculturismo destacam a necessidade urgente de discutir e entender os perigos dos anabolizantes, reforçando a importância da saúde e da prevenção.
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