Adriane Galisteu usou suas redes sociais para compartilhar uma conversa sobre menopausa que teve com uma mulher na academia. A apresentadora contou que a fã desabafou sobre não se reconhecer mais após o início da reposição hormonal. “Ela estava naquele desespero em que você fala ‘não sei mais o que fazer, não tenho mais pra onde correr’”, relatou Galisteu.
Segundo a apresentadora, a mulher queria saber quanto tempo levaria para sentir os efeitos da reposição hormonal. “No meu caso, quando comecei a reposição, demorei cerca de três semanas para perceber os benefícios, de realmente a coisa começar a entrar no lugar”, disse Adriane.
O desabafo da artista trouxe à tona dúvidas comuns sobre a transição hormonal vivida por milhões de mulheres no Brasil, mas que ainda é cercada de tabus. De acordo com dados do IBGE, cerca de 30 milhões de brasileiras estão na fase do climatério e da menopausa. No entanto, menos de 240 mil foram diagnosticadas pelo SUS.
A endocrinologista Elaine Dias JK, PhD pela USP e metabologista, explica que muitas mulheres demoram a perceber os primeiros sinais da queda hormonal. “Muitas vezes, não acontecem as ondas de calor e nem sempre a mulher percebe mudanças imediatas no ciclo menstrual. Mas ela começa a sofrer com insônia, dificuldade de concentração, cansaço persistente e alterações de humor”, afirma a especialista.
Ela também destaca a redistribuição da gordura corporal como um dos primeiros sinais dessa fase. “É muito comum o acúmulo de gordura na região abdominal, além da diminuição do metabolismo e o aumento da vontade de comer doce”, aponta.
Menopausa silenciosa: sintomas sutis e pouco reconhecidos
Além das manifestações mais conhecidas, a menopausa pode surgir de forma discreta, confundida com estresse, insônia ou até depressão. Essa forma menos evidente é chamada de “menopausa silenciosa” e costuma começar durante o climatério – fase que pode se estender por anos antes da última menstruação.
Um estudo publicado na revista científica Climateric aponta que a mulher brasileira entra na menopausa, em média, aos 48 anos, mas os primeiros sinais podem surgir aos 46. Ainda segundo a publicação, 78,4% das mulheres continuam sentindo os sintomas mesmo após a última menstruação.
Dra. Elaine destaca que, muitas vezes, a mulher passa por vários especialistas até descobrir que o que sente tem relação com o desequilíbrio hormonal. “Ela se sente exausta, com lapsos de memória, sono leve e começa a duvidar de si mesma. Muitas ouvem que tudo é emocional, mas há, sim, uma base fisiológica para o que estão vivendo”, explica.
Menopausa é questão de saúde pública
Embora não seja uma doença, a menopausa mal conduzida pode impactar a saúde metabólica, emocional e até social da mulher. “O corpo da mulher muda por completo, mas como essas mudanças são graduais, vão sendo ignoradas. Muitas relatam que sentem como se tivessem deixado de ser quem eram”, conta a endocrinologista.
Ela defende que a menopausa deve ser tratada como uma questão de saúde pública, com acesso à informação, escuta e acolhimento. “Menopausa não é doença, mas pode se tornar um problema de saúde se for ignorada ou tratada com descaso.”
O diagnóstico da menopausa silenciosa é feito a partir da escuta das queixas da paciente, histórico clínico e exames laboratoriais. O tratamento é individualizado e pode incluir terapia hormonal, suplementação, mudanças de estilo de vida e acompanhamento psicológico.
“Cada mulher tem sua própria história, seu próprio ritmo. O papel do médico é respeitar essa individualidade, sem tabu, e oferecer cuidado integral com empatia”, finaliza.
Resumo:
Adriane Galisteu compartilhou sua experiência com a reposição hormonal, trazendo à tona as dificuldades enfrentadas por mulheres na menopausa. Especialista alerta para os sinais pouco reconhecidos da menopausa silenciosa e a importância de acompanhamento médico adequado.
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!