Um almoço de domingo terminou em tragédia para uma família de Patrocínio, em Minas Gerais. Quatro pessoas foram internadas em estado grave depois de ingerirem uma planta tóxica popularmente chamada de falsa couve. Segundo a Secretaria de Saúde da cidade, três das vítimas continuam intubadas na UTI e em coma induzido, enquanto um idoso de 67 anos recebeu alta médica.
A secretária de Saúde, Luciana Rocha, informou que as vítimas passaram por parada cardiorrespiratória, mas foram reanimadas pelos socorristas ainda no local. “Eles estão estáveis, mas o quadro é gravíssimo. A retirada do coma só será avaliada quando houver melhora clínica”, explicou.
A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as causas da intoxicação e investiga se o envenenamento foi acidental. O vegetal teria sido colhido na própria chácara onde a família mora e preparado como acompanhamento do almoço.
Substância da falsa couve pode causar paralisia e até morte
De acordo com a professora doutora Amanda Danuello, especialista em química de produtos naturais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a planta consumida é a Nicotiana glauca, também conhecida como “charuteira”, “tabaco-arbóreo” ou “fumo bravo”. “Ela contém um alcaloide chamado anabazina, que pode provocar paralisia muscular, respiratória e até levar à morte”, alerta a especialista ao g1.
A doutora explica que a gravidade da intoxicação depende da forma de preparo. “Quando cozida, a quantidade da substância tóxica pode diminuir um pouco, mas o risco continua alto. Em casos de ingestão acidental, o ideal é procurar imediatamente atendimento médico, já que não existe antídoto caseiro”, reforça.
Uma criança de dois anos também foi levada ao hospital, mas apenas para observação, pois não chegou a comer o alimento contaminado.
Como diferenciar a couve verdadeira da falsa couve

Apesar de ser extremamente perigosa, a falsa couve é comum em áreas rurais e cresce facilmente às margens de estradas em todo o país. Por isso, o risco de confusão é grande. A professora Amanda explica que a Nicotiana glauca tem folhas mais finas, textura aveludada e coloração verde-acinzentada. Já a couve tradicional apresenta folhas grossas, nervuras bem marcadas e um verde mais vivo.
Contudo, a especialista ressalta que, sem ter as duas plantas lado a lado, é difícil perceber a diferença. “Se houver qualquer dúvida, o mais seguro é não consumir folhas de origem desconhecida. A prevenção é sempre o melhor caminho”, orienta.
Atenção redobrada com plantas silvestres
Segundo a Polícia Militar, as vítimas começaram a passar mal logo após o almoço. Equipes do Corpo de Bombeiros, do Samu e da PM prestaram os primeiros socorros, revertendo as paradas cardiorrespiratórias antes do transporte às unidades de saúde. O material vegetal usado na refeição foi recolhido pela perícia e será analisado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.
Luciana Rocha destacou que a Vigilância Sanitária agiu rapidamente para oferecer suporte às vítimas. “Infelizmente, o caso serve de alerta para toda a população. É fundamental ter cuidado ao colher plantas em quintais, chácaras e áreas rurais, especialmente quando há semelhança com espécies comestíveis”, disse.
Por fim, especialistas reforçam que plantas como a falsa couve podem parecer inofensivas, mas escondem substâncias altamente tóxicas. A ingestão acidental exige atendimento médico imediato para evitar complicações severas.
Resumo: Uma família de Minas Gerais sofreu intoxicação grave após consumir a planta Nicotiana glauca, conhecida como falsa couve. O vegetal contém anabazina, substância capaz de causar paralisia e até morte. Três vítimas seguem internadas em estado crítico, e especialistas alertam para o perigo de confundir a planta com a couve tradicional.
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