O paracetamol é um dos medicamentos mais receitados para o alívio de dores e febres. O medicamento é facilmente conseguido em farmácias, já que não precisa de receita. Nos Estados Unidos, estima-se que a venda do produto fique em torno de 49 mil toneladas por ano — uma média de 298 comprimidos por americano.
O fármaco é considerado seguro quando consumido nas doses recomendadas. No entanto, seu uso passou a ser alvo de preocupação. Após relatos de erros de administração em bebês e crianças, , a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre o uso do medicamento.
O órgão também advertiu sobre o uso indiscriminado, que pode causar reações adversas, como hepatite medicamentosa e até a morte. Agora, um novo estudo têm levantado preocupação também entre os mais velhos, mais uma vez por possíveis reações ao paracetamol.
A pesquisa sobre os riscos do paracetamol para os 65+
De acordo com um estudo da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, doses repetidas de paracetamol em pessoas com 65 anos ou mais podem levar a um risco aumentado de complicações gastrointestinais, cardiovasculares e renais.
A pesquisa analisou registros de saúde de mais de 180 mil pessoas que receberam mais de duas prescrições de paracetamol em seis meses de paracetamol. Todos os participantes tinham mais de 65 anos. O professor Weiya Zhang, do Centro de Pesquisa Biomédica do NIHR, na Faculdade de Medicina da Universidade de Nottingham, foi quem liderou o estudo.
Segundo o especialista, o medicamento é especialmente perigoso para aqueles que necessitam dele no combate à condições crônicas: “Devido à sua segurança percebida, o paracetamol tem sido recomendado há muito tempo como tratamento medicamentoso de primeira linha para osteoartrite por muitas diretrizes de tratamento, especialmente em pessoas mais velhas que apresentam maior risco de complicações relacionadas a medicamentos”.
Quais os riscos do paracetamol para os maiores de 65 anos?
Os pesquisadores compararam os resultados com outras 402.478 pessoas da mesma idade que nunca receberam prescrição de paracetamol repetidamente. A análise mostrou um risco maior de desenvolvimento de doenças, como úlceras pépticas, insuficiência cardíaca, hipertensão e doença renal crônica.
“Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar nossas descobertas, dado seu efeito mínimo de alívio da dor, o uso do paracetamol como analgésico de primeira linha para condições de longo prazo, como osteoartrite em idosos, precisa ser cuidadosamente considerado”, finalizou Zhang.