Adolescentes estão cada vez mais depressivos. Especialmente nas grandes metrópoles, perdeu-se o contato interpessoal. As famílias diminuíram de tamanho e, consequentemente, o convívio familiar diminuiu. Isso sem falar do contato virtual, que ‘afasta’ a convivência saudável.
E, quando se trata de saúde mental, o contato ‘off-line’ é muito importante. Por isso, precisamos falar sobre as doenças mentais, mas há maneiras certas de abordar o problema.
Apologia ao suicídio é algo que tem razão direta e deve ser evitado. Há alguns seriados, inclusive, que, segundo levantamentos estatísticos, podem ter induzido ao aumento de suicídios entre os jovens. Um fato seríssimo.
Algo que acontece nas escolas e com consequências ruins também é quando há uma tentativa ou vítima de suicídio e o professor é orientado a falar a respeito com sua turma.
Em sua formação, ele não tem o treinamento para lidar com transtorno mental e de conduta, de modo que é esperar muito dele que fale a respeito. O fundamental é um psicopedagogo ou psicólogo conduzir o trabalho.
Além disso, a intervenção deve ser rápida, imediatamente após a fatalidade. Só um profissional especializado conduz bem grupos de discussão. Também é certo que, se tenho sintomas de depressão, preciso comunicar a um adulto.
Se um colega está em crise, preciso comunicar a um adulto também. O que muitas vezes acontece é que os adolescentes tentam resolver entre si, porém suicídio é algo que é anunciado e não pode ser encarado como algo fácil de lidar.
Mesmo grandes especialistas podem falhar em resolver o problema. Então, jovens, conversem sempre com seus pais e professores. E durmam bem. Exatamente isso. Não é legal virar balada atrás de balada e nem ficar respondendo no mobile até altas horas.
O que se sabe é que há necessidade de limites para que as crianças e adolescentes interajam, desenvolvam sua emoção e comunicação como seres humanos.
LUIZ SCOCCA é psiquiatra com mais de 20 anos de atendimento em consultório próprio, além da participação em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associações brasileira e americana de psiquiatria: ABP e APA.