Também conhecida como transtorno afetivo sazonal (SAD), a depressão sazonal está relacionada ao desenvolvimento de sintomas depressivos diretamente associados às mudanças climáticas. Em geral, a desordem afetiva sazonal começa no outono ou inverno e termina na primavera ou início do verão. Mas, não se trata de uma regra, já que o principal desencadeador do problema é a menor incidência de luz solar, que pode ocorrer até no verão, quando há mudanças bruscas de temperatura.
De acordo com estudo do Departamento de Psicologia Médica da King’s College/Universidade de Londres, em países tropicais como o Brasil, uma média de 1% da população é afetada pela depressão sazonal, equivalente a quase 2 milhões de pessoas. Vem entender como as mudanças climáticas afetam a saúde mental.
O QUE OCORRE
Próximo de estações ou períodos com menos luz solar, muitas pessoas, especialmente as mais suscetíveis à depressão, sentem perda de energia, mudança de humor, maior irritabilidade e até ansiedade generalizada. Segundo Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), tendemos a mudar algumas atitudes e comportamentos devido à baixa temperatura, como ficar mais tempo em casa, diminuindo a exposição ao ar livre.
“Por consequência, reduzimos a produção de hormônios, como a serotonina e a melatonina, responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer. Essa desarmonia pode deixar a pessoa mais deprimida, ansiosa e cansada, gerando o transtorno afetivo sazonal”, explica. Além disso, com a menor exposição ao sol, diminuem os níveis de vitamina D no organismo, fundamental para a absorção de cálcio, como também para várias funções do sistema imunológico, digestivo, circulatório e nervoso. Daí o maior cansaço e desânimo.
SINTOMAS
“Com alguns pacientes, os sintomas podem continuar mesmo com a chegada do verão. Nesses casos, é preciso ter acompanhamento com um especialista, até para investigar uma possível depressão comum”, diz Monica Machado, psicóloga, fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein. Os sintomas típicos (semelhantes ao de uma depressão normal) são:
- Labilidade emocional (variação frequente do humor)
- Tristeza sem causa aparente
- Desinteresse pelas atividades do cotidiano
- Afastamento familiar e social
- Dificuldade de concentração
- Fraqueza generalizada
- Dificuldade para dormir ou sono excessivo
- Dores no corpo
TRATAMENTOS
Uso de medicamentos: alguns tipos podem ser indicados, como antidepressivos, que atuam no equilíbrio de neurotransmissores responsáveis pelo prazer e bem-estar, proporcionando melhora nos sintomas depressivos. “Vale lembrar que esses medicamentos não apresentam resultados imediatos. Além disso, cada pessoa tem uma resposta diferente. Em muitos casos, é preciso ajustar o tipo e a dosagem do medicamento, até encontrar a combinação mais eficaz. Daí a importância de buscar ajuda o quanto antes”, explica Danielle Admoni. A deficiência da vitamina D pode ser compensada com a suplementação, atuando na manutenção do equilíbrio mental e corporal.
PSICOTERAPIA: ainda que a depressão sazonal esteja relacionada aos mecanismos biológicos, buscar ajuda psicoterapêutica é fundamental. “A psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), auxilia o indivíduo a entender suas emoções e, consequentemente, saber lidar com elas em diferentes situações”, diz Monica Machado. As sessões de psicoterapia envolvem, por exemplo, exercícios de reflexão (para ajudar na identificação dos sentimentos negativos) e de respiração (para promover o relaxamento).
FOTOTERAPIA (terapia de luz): consiste na aplicação de luz brilhante sobre a pessoa como substituição à exposição solar. A fototerapia é bastante indicada para pessoas com depressão sazonal, sendo aplicada, normalmente, em conjunto com medicamentos”, explica Danielle Admoni.
HÁBITOS SAUDÁVEIS: “O consumo de frutas, verduras e legumes favorece a redução da incidência de depressão. A prática regular de atividade física também ajuda, pois estimula a liberação dos hormônios responsáveis pelo bem-estar. Por fim, tirar férias e ir a lugares com o clima mais animador driblam bem a depressão sazonal”, finaliza Monica.