A endometriose afeta 176 milhões de mulheres em todo o mundo e 6,5 milhões no Brasil, aproximadamente 10% das brasileiras em idade fértil. Porém, de acordo com Daniel Cesar, membro da Sociedade Brasileira de Endometriose, especialista em Cirurgia Robótica e Cirurgião do Departamento de Ginecologia do Instituto Nacional do Câncer, apesar de bastante prevalente, ela ainda é pouco conhecida e o tempo de diagnóstico desde o início dos sintomas geralmente leva oito anos para ser feito.
É fundamental que a população esteja informada sobre o problema e tenha acesso ao diagnóstico precoce. A seguir, o especialista esclarece as principais dúvidas a respeito do assunto.
O DIAGNÓSTICO
A endometriose é de difícil diagnóstico. Às vezes, a mulher com endometriose avançada apresenta sintomas leves ou não apresenta nenhum – o que faz com que a busca pelo médico seja tardia.
E o contrário também acontece: há quem tem muitos sintomas, faz exames e nada aparece, pois o acometimento é mínimo e não pode ser visto nas imagens. Há casos em que a pessoa sente dor na coluna ou nas pernas e acredita ser problema dos ossos ou músculos, e acaba procurando um ortopedista.
PRINCIPAIS SINTOMAS
Dor pélvica relacionada ao ciclo menstrual, ou seja, dor que piora durante ou logo depois do período menstrual; dor na relação sexual; dor ao urinar ou evacuar (pode ocorrer também sangue nas fezes ou urina). Em casos mais graves, pode haver obstrução do intestino e das vias urinárias. É muito comum mulheres descobrirem a endometriose durante a ‘investigação’ decorrente da dificuldade de engravidar.
EXAMES PARA DETECTAR A DOENÇA
Os exames mais utilizados para o diagnóstico são ressonância nuclear magnética e laparoscopia diagnóstica. Alguns centros usam ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, mas é um método ainda limitado pela disponibilidade reduzida e dificuldade técnica.
PROCEDIMENTO EM CADA ESTÁGIO DA DOENÇA
Tanto nos casos mais leves quanto nos mais graves, o importante é ser acompanhada por um especialista e equipe multidisciplinar. A doença ainda é pouco conhecida e os tratamentos são muito específicos. Só um médico com experiência saberá indicar as melhores opções. A endometriose é difícil de ser curada, mas, quando diagnosticada precocemente, as chances de ter uma vida normal e com qualidade aumentam muito.
OS TRATAMENTOS
Pode ser clínico ou cirúrgico. Os tratamentos clínicos são baseados em medicação hormonal e remédios para alívio dos sintomas. Os hormônios têm a intenção de bloquear a menstruação e, consequentemente, impedir que a endometriose aumente. Mas raramente esse tratamento leva à resolução completa da endometriose. O tratamento cirúrgico deve ser realizado por via minimamente invasiva e tem a intenção de remover os focos de endometriose, preservando a fertilidade e a função dos órgãos.
FASE EM QUE A PREVALÊNCIA DA DOENÇA É MAIOR
Geralmente, as mulheres iniciam os sintomas durante os primeiros anos da idade fértil, ou seja, um pouco depois que começam a menstruação. Porém, como o diagnóstico geralmente é tardio, como dito anteriormente, a média de idade da descoberta de endometriose é aos 32 anos. A endometriose também pode ocorrer após os 40 anos e a menopausa, principalmente nas mulheres que fazem uso de terapia hormonal.
TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA MULHERES COM DIFICULDADE PARA ENGRAVIDAR DECORRENTE DA ENDOMETRIOSE
Existe tratamento tanto com medicamento quanto com cirurgia. Há ainda a possibilidade de técnicas de fertilização in vitro. Porém, muitas mulheres com diagnóstico de endometriose conseguem engravidar sem tratamento. Vale dizer que a gestação ajuda no controle dos focos de endometriose e faz a doença regredir durante o estado gestacional.
