Cultivar o amor próprio nem sempre é uma tarefa fácil. Segundo o escritor e psicólogo Marcos Lacerda, a síndrome do impostor, o mito da falsa realidade e até a dificuldade de dizer não podem ser obstáculos que nos afastam do objetivo principal: amar a nós mesmas.
“As pessoas têm uma profunda e estrutural incapacidade de, antes de amar alguém, amar a si mesmo. Porque, para você amar, desamar ou amar de novo quem quer que seja, é preciso antes amar-se. Algo que deveria ser simples e natural, mas não é, afinal, desde cedo, vamos sendo moldados pelas expectativas dos nossos familiares e da sociedade”, alerta.
Mas uma lista de comportamentos que você pode exercitar frequentemente ajuda a fortalecer a autoestima e, consequentemente, garante que você comece a se amar antes de tudo. Vem ver quais são essas práticas!
1. APRENDER A DIZER NÃO
Aprenda (ou obrigue-se) a dizer não quando essa for a sua verdade. Além disso, desenvolva também a capacidade de receber críticas, afinal elas são a bússola que lhe ajuda a corrigir o percurso.
2. FOCO NAS METAS REALISTAS
Estabeleça em sua vida objetivos realistas. Traçar metas impossíveis é uma estratégia inconsciente para validar a sua criança limitante de estar sempre fadado ao fracasso.
3. DEIXE AS COMPARAÇÕES PARA TRÁS
Pare de se comparar aos outros. Cada um tem uma potencialidade e uma história de vida diferente. Portanto, comparações são injustas. Observar as conquistas do outro até pode servir para inspirar, porém nunca para rebaixar você.
4. CONHEÇA SUAS VERDADEIRAS NECESSIDADES
Entre em contato com suas verdadeiras necessidades. Não as que lhe ensinaram que eram as corretas ou socialmente aceitas, mas aquilo que se passa na sua alma. Pergunte-se: “o que eu realmente quero ou preciso neste momento da minha vida?”
5. PARE DE BUSCAR A PERFEIÇÃO
“Aceite que você não é perfeito e nunca será. Isso parece óbvio, mas o que quero dizer é que existem dois Eus: um Eu ideal e outro Eu real, e eles jamais se encontrarão. Por mais que você conquiste, seu Eu ideal, que é filho da fantasia e do desejo, sempre será inatingível. Portanto, faça as pazes com o seu Eu possível”.
E NA FALTA DE AMOR PRÓPRIO…
Algumas pessoas criam personagens para agradar aos outros e esquecem de agradar a si mesmo. Para Lacerda, a necessidade de corresponder a um padrão social imposto nos leva a uma má interpretação do que é a autoaceitação.
“Aceitar-se não significa gostar de tudo em você, mas antes respeitar a sua natureza e os seus limites físicos e psíquicos. Por exemplo, costuma-se pensar que uma pessoa para se aceitar precisa se achar bonita. Como assim? O adjetivo feio deixou de existir no mundo? Eu, por exemplo, não correspondo aos padrões do que considero ser um homem bonito, ou seja, me acho feio. Mas não preciso ser bonito. Agora se você quer saber se me acho especial? Acho! Porque tenho profundo respeito por quem sou e, sobretudo, por minha história”, analisa.
“Definitivamente, não nasci para atender às necessidades estéticas ou afetivas de quem quer que seja. Sou o meu possível. Há coisas que podem ser melhoradas e aprendidas por mim? Sempre! Tenho o costume de dizer: a gente não vive como se quer, e sim como a gente consegue. Essa é uma lição que desaprendemos desde muito cedo”, completa.
COMO SABER QUE PRECISO DE AJUDA?
“Existem comportamentos diversos, mas alguns são mais marcantes: sentimento de ser um impostor em tudo que faz ou conquista, autossabotagem frequente (como jamais terminar o que começa), isolamento, autodepreciação constante, desmotivação para tentar novos objetivos, perfeccionismo exagerado, não aceitação das próprias limitações, medo de ser rejeitado… A lista é grande. Esses comportamentos, somados a uma imobilidade social e psicológica, são sinais de que a pessoa precisa de ajuda”, alerta Lacerda.