Quando falamos em maternidade, cada jornada é única. Para algumas mulheres, engravidar com seus próprios óvulos pode não ser possível — e é aí que entra a ovodoação, um gesto de generosidade que transforma vidas. A prática permite que mulheres férteis doem seus óvulos para outras que não conseguem gerar filhos com seu material genético.
Regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a doação de óvulos é uma alternativa segura e cada vez mais comum nos tratamentos de reprodução assistida. Além de abrir uma nova possibilidade para quem sonha em engravidar, também promove mais acessibilidade nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV).
O que é ovodoação e para quem ela é indicada?
A ovodoação funciona assim: uma mulher fértil doa seus óvulos, que são fertilizados em laboratório com o sêmen do parceiro da receptora (ou de um doador) e, depois, transferidos para o útero da mulher que deseja engravidar. O procedimento é indicado em casos como:
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baixa reserva ovariana;
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menopausa precoce;
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tratamentos contra o câncer;
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alterações genéticas que impedem o uso dos próprios óvulos.
A doação pode ser feita de forma anônima ou compartilhada. Nesta última, a doadora também passa por um tratamento de FIV e, em troca da doação, recebe benefícios no custo do procedimento — um modelo que pode tornar tudo mais acessível.
Quem pode doar óvulos?
A mulher interessada em doar passa por uma avaliação criteriosa, com exames clínicos, laboratoriais, genéticos e até acompanhamento psicológico, para garantir a saúde da doadora e a qualidade dos óvulos.
Outro ponto importante: a idade. A maioria das clínicas aceita doadoras entre 18 e 35 anos, pois a qualidade dos óvulos tende a diminuir com o tempo. A triagem genética também ajuda a evitar a transmissão de doenças hereditárias, pensando sempre no bem-estar do futuro bebê.
Muito além da genética: os laços que nascem com amor
A ovodoação envolve muito mais do que biologia. Para quem doa, é um ato de empatia e solidariedade — algo comparável à doação de sangue. Para quem recebe, é a chance de vivenciar a gestação e formar uma família.
A atriz Yana Sardenberg, por exemplo, compartilhou publicamente sua experiência como doadora e levantou uma reflexão importante: o DNA não é o único fator que define o vínculo entre mãe e filho. A ciência já mostrou, por meio da epigenética, que o ambiente do útero e o afeto também influenciam na expressão dos genes. O amor, afinal, é o elo mais forte dessa relação.
Ovodoação pode tornar o tratamento mais acessível
Um dos grandes desafios nos tratamentos de fertilidade é o custo. Por isso, o modelo de ovodoação compartilhada tem ganhado espaço: ele permite que a doadora receba parte dos custos do próprio tratamento, enquanto ajuda outra mulher a engravidar. Nesse formato, é possível reduzir em até 80% o valor da FIV.
Segundo Ana Paula Aquino, especialista em reprodução assistida, as chances de gravidez com óvulos doados são tão boas quanto com óvulos próprios. Em muitos casos, inclusive, a ovodoação representa a única forma viável de uma mulher conseguir engravidar.
Por que falar sobre ovodoação é tão importante?
Além de ser um gesto que literalmente gera vida, a ovodoação ajuda a quebrar tabus. Falar sobre isso com mais naturalidade contribui para ampliar o entendimento sobre os diferentes caminhos para formar uma família.
Hoje, existem mais de 150 mulheres esperando por uma doadora compatível. Ao escolher doar, você pode não só realizar o sonho de alguém como também plantar uma semente de esperança e amor. A ovodoação é, antes de tudo, um exemplo de empatia — e mostra que a maternidade vai muito além da genética.
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