O uso constante de filtros que afinam o nariz, aumentam lábios e deixam a pele perfeita vem mudando a forma como adolescentes enxergam a própria imagem.
O cirurgião plástico Leandro Gregório explica que esse fenômeno já tem nome: “Muitos adolescentes chegam ao consultório trazendo como referência uma selfie editada.
O problema é que a imagem criada por aplicativos não corresponde à anatomia real, e isso pode gerar frustração, baixa autoestima e até decisões apressadas sobre cirurgias”, conta.
Cirurgias cada vez mais precoces
Dados recentes mostram que o número de procedimentos estéticos em menores de 18 anos está em crescimento. Entre os mais procurados estão a rinoplastia, preenchimentos labiais e lipoaspiração em áreas específicas.
Especialistas alertam que, além dos riscos físicos inerentes às cirurgias, essas intervenções podem afetar o desenvolvimento emocional e psicológico de jovens ainda em formação.
Para Gregório, a responsabilidade do médico vai além da técnica. “O cirurgião deve atuar como moderador de expectativas, explicando os limites da medicina e a diferença entre o real e o virtual, orientar sobre a idade e maturidade adequadas para os procedimentos e, sempre que possível, oferecer alternativas menos invasivas acompanhando de perto a saúde mental do paciente”, ressalta.
Quando o bisturi não é a resposta
Segundo o especialista, é preciso enxergar o cirurgião plástico como um guardião do bem-estar, capaz de recusar demandas quando elas não fazem sentido para a saúde do paciente.
“Nem todo desejo de mudança deve ser atendido com bisturi. Muitas vezes, o mais importante é orientar, recusar procedimentos desnecessários e encaminhar para acompanhamento psicológico quando for o caso”, finaliza Gregório.
Resumo:
O uso excessivo de filtros digitais vem provocando o chamado “dismorfismo do filtro”, em que adolescentes desejam se parecer com suas versões editadas. O cirurgião plástico Leandro Gregório alerta que a procura precoce por cirurgias plásticas cresce nesse cenário, mas reforça que o papel do médico é orientar, proteger e priorizar a saúde física e emocional dos jovens.
Leia também:
Os filtros do Instagram acabaram?