Mais de 30 milhões de brasileiras estão passando pelo climatério ou pela menopausa — fases naturais que marcam o encerramento da vida reprodutiva. Apesar de fazer parte do ciclo feminino, esse período ainda é cercado por mitos e desinformação. Por isso, o Dia Mundial da Menopausa, celebrado em 18 de outubro, tem como objetivo ampliar o diálogo e trazer informação de qualidade, baseada em ciência e acolhimento.
Uma pesquisa publicada pela International Menopause Society (IMS) no Climacteric Journal (2025) destaca que o bem-estar durante essa fase vai muito além dos hormônios. O estudo mostra que o estilo de vida exerce um papel terapêutico comprovado na redução dos sintomas e na melhora da saúde global da mulher.
Estilo de vida e hábitos que fazem diferença
O artigo “The Role of Lifestyle Medicine in Menopausal Health” analisou mais de duas décadas de pesquisas e comprovou que a chamada Medicina do Estilo de Vida — ou MEV — pode reduzir ondas de calor, melhorar o sono e fortalecer a saúde cardiovascular e óssea.
Essa abordagem se apoia em seis pilares fundamentais:
- Alimentação equilibrada e anti-inflamatória;
- Prática regular de exercícios físicos;
- Sono restaurador;
- Controle do estresse e cuidado com a saúde mental;
- Relações sociais positivas;
- Redução do consumo de álcool e tabaco.
A endocrinologista Tassiane Alvarenga, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica que esses fatores não são apenas complementares. “A menopausa não é apenas sobre hormônios, é sobre o terreno onde eles atuam. Alimentação, sono, movimento, conexões sociais e equilíbrio emocional são pilares que transformam a experiência dessa fase”, afirma.
Canetas de emagrecimento: aliadas ou substitutas?
O estudo também chama atenção para o aumento no uso dos medicamentos injetáveis conhecidos como canetas de emagrecimento, que atuam sobre o receptor de GLP-1. As mulheres, segundo a pesquisa, respondem melhor a esses remédios devido à ação do estrogênio no cérebro — especialmente na região que controla a fome e a saciedade.
Contudo, Tassiane reforça que, apesar dos bons resultados, esses medicamentos não substituem o estilo de vida saudável. “Eles são ferramentas úteis, mas não podem ser vistos como solução isolada. O estilo de vida equilibrado segue como o pilar central da saúde feminina na menopausa”, explica.
Terapia hormonal e equilíbrio
Mesmo com os avanços na área médica, a terapia hormonal ainda é considerada segura e eficaz, principalmente quando iniciada entre os 50 e 59 anos — o que os especialistas chamam de “janela de oportunidade”. Quando associada a hábitos saudáveis, seus benefícios se ampliam.
“Mulheres fisicamente ativas e com uma alimentação balanceada costumam relatar menos ondas de calor, melhor qualidade de sono e menor risco de desenvolver síndrome metabólica, mesmo sem reposição hormonal”, acrescenta a endocrinologista.
O Dia Mundial da Menopausa convida as mulheres a enxergarem essa fase como uma transição, e não um fim. É o momento de cuidar de si com consciência, fortalecer o corpo e ressignificar a vida com serenidade. Como afirma o estudo, o futuro do cuidado feminino está na integração entre ciência, nutrição e saúde emocional — um caminho real para a longevidade e o bem-estar.
Resumo: O Dia Mundial da Menopausa reforça a importância do autocuidado e do estilo de vida saudável na saúde feminina. A ciência mostra que hábitos equilibrados, aliados a tratamentos adequados, podem reduzir sintomas, melhorar o bem-estar e transformar a relação das mulheres com essa fase natural da vida.
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