O verão começou no sábado (21) com um alerta muito importante: a prevenção ao câncer de pele, o mais incidente no país. Por isso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) criou a campanha Dezembro Laranja, com o intuito de conscientizar e prevenir a doença no país.
O Brasil é um país tropical e, portanto, convive com altas exposições solares quase o ano todo. A luz do sol faz bem, uma vez que é a principal fonte de vitamina D, mas quando excessiva pode causar danos e resultar no câncer de pele.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pele mais frequente no Brasil é o não melanoma e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Ou seja, é o mais incidente. Entretanto, felizmente, é possível preveni-lo.
Câncer de pele: não melanoma e melanoma
Segundo Carlos Barcaui, coordenador da campanha Dezembro Laranja da SBD, essa classificação é uma simplificação. Existem diversos tipos de câncer de pele. A seguir entenda as diferenças então o câncer de pele não melanoma e o melanoma.
Câncer de Pele Não Melanoma
Este é o tipo mais comum de câncer de pele, englobando principalmente dois subtipos:
- Carcinoma basocelular (CBC): é o mais frequente e menos agressivo;
- Carcinoma espinocelular (CEC): é menos comum que o CBC, mas pode ser mais agressivo e apresentar risco de metástase em casos avançados.
Características
- Origem: surge nas células da camada mais superficial da pele (epiderme);
- Aparência: lesões avermelhadas, nódulos brilhantes ou perolados, feridas que não cicatrizam e áreas descamativas ou crostosas, que podem sangrar;
- Crescimento: geralmente lento, mas o CEC pode ser mais invasivo;
- Prognóstico: na maioria dos casos, tem bom prognóstico quando tratado precocemente, raramente resultando em metástases.
Fatores de Risco:
- Exposição solar cumulativa ao longo da vida;
- Pele clara;
- Exposição a agentes químicos ou radiação.
Câncer de Pele Melanoma
É o tipo mais grave de câncer de pele, embora menos comum.
Características:
- Origem: surge nos melanócitos, células que produzem melanina (pigmento da pele);
- Aparência: pintas ou manchas escuras (pretas ou marrons), muitas vezes irregulares, alterações em pintas pré-existentes (regra ABCDE), raramente, pode ser de cor clara ou avermelhada (melanoma amelanótico);
- Crescimento: rápido, com alto potencial de invadir outros tecidos e causar metástases;
- Prognóstico: o diagnóstico precoce é crucial. Em estágios iniciais, as chances de cura são altas, mas em casos avançados, o risco de complicações graves aumenta.
Fatores de Risco:
- Exposição solar intensa e intermitente (queimaduras solares);
- História familiar de melanoma;
- Presença de muitas pintas ou pintas atípicas;
- Pele clara e sensível ao sol;
Como detectar o câncer de pele precocemente?
Quando detectado precocemente, o câncer de pele tem chances de reagir bem ao tratamento e levar a cura. Segundo Carlos, é importante adotar uma combinação de autoexame, observação de mudanças na pele e consultas regulares com um dermatologista.
“Examine toda a sua pele, incluindo áreas menos visíveis, como o couro cabeludo, entre os dedos e a planta dos pés. Use um espelho ou peça ajuda de outra pessoa para observar áreas de difícil acesso, como as costas”, recomenda à AnaMaria.
Outra orientação para identificar os sinais de alerta é a regra ABCDE, que ajuda a fazer uma leitura superficial das pintas ou manchas.
A – Assimetria: A metade da lesão é diferente da outra;
B – Bordas: Bordas irregulares, mal definidas ou recortadas;
C – Cor: Presença de várias cores (marrom, preto, branco, vermelho ou azul) em uma mesma lesão;
D – Diâmetro: Lesões com mais de 6 mm (tamanho de uma borracha de lápis);
E – Evolução: Qualquer mudança na aparência (tamanho, forma, cor) ou sintomas, como coceira, sangramento ou dor.
Vale também prestar atenção nas lesões persistentes, que não se resumem às pintas. Ou seja, observe:
- Feridas que não cicatrizam em 4 semanas;
- Áreas da pele com descamação, crostas ou sangramento frequente;
- Nódulos ou elevações de crescimento rápido.
Pessoas com pele clara (que queimam e não bronzeiam), com histórico de câncer pessoal ou família, com histórico de exposição solar intensa ou prolongada durante a vida e que possuem presença de muitas pintas devem redobrar a atenção.
Na dúvida, sempre busque um dermatologista para que ele faça uma avaliação completa. Se ele identificar uma lesão suspeita, pode pedir a realização de uma biópsia.
“A detecção precoce é a chave para tratar o câncer de pele de forma eficaz e evitar complicações. Se você notar algo suspeito, procure um dermatologista imediatamente”, ressalta Carlos.
É possível prevenir
A proposta da campanha Dezembro Laranja é justamente conscientizar a população sobre a prevenção do câncer de pele, independente do tipo. Por isso, vale fazer uso do protetor solar durante o ano todo, evitar a exposição solar entre 9h e 15h, além de usar acessórios para proteger a pele.
“Cuidado para não fazer a aplicação irregular do produto solar e nem esquecer áreas como pálpebras, orelhas, nuca e colo. É preciso lembrar de aplicar o protetor antes de se expor ao sol para que ele seja absorvido pela pele e sempre reaplicá-lo a cada duas horas, no mínimo, principalmente se o paciente está fazendo alguma atividade que transpire muito ou após entrar na água”, recomenda o médico.
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