Parece inofensivo à primeira vista: um frasco de desodorante, um vídeo viral e uma criança curiosa. Mas o chamado desafio do desodorante tem se mostrado uma armadilha perigosa nas redes sociais. A prática, que consiste em inalar desodorante aerossol, já provocou mortes de meninas entre 7 e 11 anos em diferentes regiões do Brasil.
O grande perigo está nos componentes químicos presentes no produto. Muitos aerossóis contêm gases como butano, isobutano e propano. Quando inalados, esses compostos entram diretamente na corrente sanguínea e podem causar tontura, confusão mental, arritmia cardíaca e até parada cardiorrespiratória em poucos minutos.
Como o corpo reage ao inalar desodorante aerossol?
Ao ser aspirado, o conteúdo do desodorante não segue o mesmo caminho de uma aplicação na pele. Pela via inalatória, a substância vai direto para os pulmões e de lá para o sangue, sem nenhum filtro. Isso acelera os efeitos tóxicos. Além dos gases, alguns produtos contêm etanol em alta concentração, o que pode provocar sintomas semelhantes a uma intoxicação alcoólica grave.
No caso mais recente, uma menina de 8 anos sofreu uma parada cardíaca que durou cerca de 60 minutos após inalar desodorante aerossol durante o desafio. Mesmo com os esforços da equipe médica, ela teve morte encefálica. A tragédia levou médicos e especialistas a reforçarem o pedido por vigilância e conversa ativa dentro de casa.
Como conversar com as crianças sobre o desafio do desodorante?
Nada de conversa longa e cheia de termos difíceis. A orientação dos especialistas é simples: vínculo. Quanto mais presentes os adultos forem na vida das crianças, maior a chance de prevenir esse tipo de risco.
Perguntar como foi o dia, contar o seu também, fazer atividades juntos e estar de verdade na rotina dos pequenos faz diferença. Isso cria um espaço seguro para que a criança sinta que pode contar quando vê algo estranho na internet.
Também é importante reforçar que os “heróis da internet” não são fontes confiáveis – e que quem cuida e protege são os pais, familiares e professores. Ou seja: não basta controlar o tempo de tela. É preciso estar junto de fato, até para identificar sinais de que algo anda errado.
O que leva uma criança a topar esse tipo de “brincadeira”?
A curiosidade é natural, especialmente quando se está na infância. Mas ela se junta a outros ingredientes perigosos: a busca por aceitação social, o medo de ficar de fora de tendências e o apelo visual dos vídeos online. Os desafios, muitas vezes, vêm disfarçados de diversão ou de testes de resistência. E quando viralizam, podem parecer irresistíveis para quem ainda está aprendendo a lidar com limites.
Por isso, é fundamental ensinar que coragem de verdade é saber dizer “não” – e que se cuidar é muito mais importante do que conquistar curtidas.
Onde denunciar vídeos e conteúdos que incentivam o desafio do desodorante?
Se você encontrar vídeos que estimulam o desafio do desodorante ou outras práticas perigosas, é possível denunciar diretamente nas plataformas de redes sociais. Outra opção é procurar a Polícia Civil ou o Conselho Tutelar da sua cidade. Quanto mais rápido esse conteúdo for retirado do ar, menores as chances de que ele atinja outras crianças.
Resumo:
O desafio do desodorante, que incentiva crianças a inalar desodorante aerossol, tem causado mortes e preocupa especialistas. O risco é alto: os gases tóxicos entram direto na corrente sanguínea e podem provocar parada cardíaca. O diálogo e a presença ativa dos pais são as maiores formas de proteção. Ao identificar conteúdos perigosos, denuncie.
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!