A chegada de um filho costuma ser associada com um dos momentos mais felizes da vida de uma mulher. Mas, para muitas mães, o que aparece junto com o bebê não é só o amor incondicional imediato, mas um vazio profundo, uma tristeza persistente e uma sensação de estar desconectada de si mesma (e do bebê).
Esses sentimentos podem indicar algo mais sério do que o chamado “baby blues”: estamos falando da depressão pós-parto, uma condição que atinge cerca de 1 em cada 4 brasileiras, segundo a Fiocruz.
De acordo com a psicóloga perinatal Katherine Sorroche, do aplicativo V-Baby, “a depressão pós-parto representa uma profunda desorganização interna da mulher. Ela sente que está presente, mas ausente de si mesma”. O sofrimento vai além do cansaço ou da insegurança comuns ao puerpério. A mulher se sente sozinha mesmo quando está cercada de pessoas.
Baby blues ou depressão?
O baby blues é um estado emocional passageiro, comum nos primeiros dias após o parto. A mulher pode ficar mais sensível, ansiosa e chorar com facilidade. Já a depressão pós-parto dura mais e é mais intensa. Entre os principais sinais estão: humor deprimido, desinteresse, insônia, irritabilidade, perda de apetite, sentimentos de culpa e, em casos graves, pensamentos suicidas.
“A diferença está na intensidade e na duração. A depressão paralisa e compromete o vínculo com o bebê, a autoestima e a vida como um todo”, explica Katherine.
De onde vem depressão pós-parto?
Fatores como histórico de depressão, falta de apoio, idealização da maternidade e experiências traumáticas aumentam o risco de desenvolver o transtorno. “A ausência de rede de apoio emocional, social e psíquico contribui fortemente para o adoecimento”, alerta a psicóloga.
Por isso, é fundamental que a mulher se prepare emocionalmente para o pós-parto, converse sobre as dificuldades reais da maternidade e conte com uma rede de apoio acolhedora e presente.
A importância da escuta
Muitas mulheres com depressão pós-parto não percebem que estão adoecendo. Acham que é normal se sentirem assim ou que só precisam descansar. É aí que a rede de apoio – companheiros, familiares e profissionais de saúde – faz toda a diferença.
“É preciso escuta sensível e não julgadora. Frases como ‘você tem tudo para estar feliz’ ou ‘isso vai passar’ apenas silenciam ainda mais o sofrimento”, explica Katherine.
Tecnologia pode ajudar
A inteligência artificial pode ser aliada no pós-parto. Aplicativos podem oferecer suporte emocional, conteúdos personalizados para tirar dúvidas e acompanhamento contínuo nessa fase.
“É como uma companhia digital, que adapta as respostas com base no perfil da mulher e envia mensagens diárias com orientações e acolhimento”, conta Thiago Lima, CEO da Vlab, empresa desenvolvedora do app V-Baby. Nele, a inteligência artificial identifica sinais de alerta e orienta sobre os próximos passos, sem substituir o atendimento clínico, mas funcionando como um ponto inicial de escuta.
De acordo com dados recentes, apps com assistência emocional via IA podem ajudar a reduzir sintomas de depressão pós-parto em até 12,7%. Só em 2023, mais de 280 milhões de apps voltados à gestação foram baixados no mundo todo. E o mercado global de IA na saúde deve ultrapassar 187 bilhões de dólares até 2030.
Você não está sozinha!
Se você está passando por isso ou conhece alguém que possa estar, saiba que há ajuda disponível. A depressão pós-parto tem tratamento e pode ser superada com acompanhamento psicológico, cuidados médicos e uma rede de apoio atenta.
Reconhecer que algo não vai bem é o primeiro passo. E falar sobre o assunto é essencial para que mais mulheres sejam acolhidas de forma segura e respeitosa em um dos momentos mais desafiadores da vida.
Resumo: A depressão pós-parto vai além do cansaço comum do puerpério e afeta 1 em cada 4 brasileiras. Mais intensa que o “baby blues”, ela compromete o bem-estar emocional da mãe e o vínculo com o bebê. O apoio da família, profissionais e até da tecnologia pode fazer toda a diferença. Procurar ajuda é fundamental — e não é fraqueza.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (20 de junho). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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