Julho é o mês de combate às hepatites virais no Brasil, com ações que buscam ampliar o diagnóstico, o tratamento e, principalmente, a prevenção dessas doenças silenciosas. E, entre tantos hábitos do cotidiano que podem representar um risco pouco falado, um se destaca entre os mais populares: fazer as unhas no salão.
Seja no salão do bairro, com atendimento em domicílio ou em estabelecimentos maiores, o procedimento que parece inofensivo pode se transformar em uma porta de entrada para o vírus das hepatites B e C. O problema está no uso de materiais compartilhados sem a esterilização correta, como alicates, espátulas e lixas.
O perigo começa na ponta do alicate
Mesmo após avanços na regulamentação da área de beleza, muitos estabelecimentos ainda falham no básico: a esterilização dos instrumentos metálicos e o descarte adequado dos materiais não reutilizáveis. Isso preocupa profissionais da saúde, como Patrícia Almeida, hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
“O sangue contaminado que pode estar presente em alicates de unhas e em outros utensílios utilizados na manicure/pedicure pode contaminar a própria profissional ou a cliente seguinte”, explica a médica.
O alerta vale para todos: clientes que buscam o serviço e profissionais que trabalham com unhas e podologia. Afinal, a transmissão também pode acontecer das mãos da profissional para a cliente e vice-versa.
Casos reais revelaram o risco
A preocupação com a transmissão da hepatite no ambiente de salão não é nova. Há mais de uma década, uma pesquisa realizada por uma enfermeira em São Paulo revelou um dado alarmante: 10% das manicures testadas apresentaram resultado positivo para hepatite B ou C.
O estudo acendeu o alerta sobre a necessidade de protocolos rígidos de biossegurança nesse setor, algo que, infelizmente, ainda não é rotina em todos os estabelecimentos.
Cuidados que devem ser seguidos no salão
Patrícia reforça que as profissionais precisam seguir um passo a passo de cuidados, que inclui:
-
Esterilizar instrumentos metálicos em autoclave
-
Usar luvas durante o atendimento
-
Lavar as mãos antes e depois de cada cliente
-
Usar lixas, palitos e toalhas descartáveis ou individuais
-
Higienizar corretamente as bacias para pés e mãos entre os atendimentos
A médica ainda lembra que o uso de estufas ou fornos convencionais não substitui a esterilização adequada. “Fornos não esterilizam metais. A profissional deve seguir corretamente as instruções do manual do equipamento de esterilização”, esclarece.
Antes do processo, os instrumentos precisam ser lavados com escova plástica e detergente, secos com toalha limpa e armazenados em embalagem apropriada para esterilização.
na manicure. Foto: FreePik
E o que a cliente pode fazer?
Embora as normas de biossegurança sejam responsabilidade dos salões, a cliente também pode se prevenir. A principal recomendação é ter o próprio kit de manicure com itens como alicate, espátula, lixa, palito e toalha. Levar esses itens sempre que for fazer as unhas reduz significativamente o risco de contaminação.
“Infelizmente, é bem complicado que a cliente tenha a segurança de uma esterilização adequada. Logo, a orientação mais correta é que cada uma tenha seu próprio ‘kit’”, afirma Patrícia.
Com atitudes simples e conscientes, é possível manter a saúde em dia sem abrir mão do cuidado com a beleza.
Resumo:
Durante o Julho Amarelo, especialistas reforçam os cuidados que clientes e profissionais devem ter para evitar a transmissão de hepatites B e C em salões de beleza. Uso de materiais próprios e protocolos rígidos de higiene são essenciais para garantir a segurança de todos.
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!