Você sabia que a pandemia de coronavírus é uma ameaça à saúde dos olhos?
A doença pode diminuir permanentemente a visão, provocar coceiras e ainda deixar os olhos secos. O problema tende a ser mais progressivo em jovens: enfraquece e afina a córnea, formando assim um formato em cone.
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier e membro titular do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), afirma que qualquer alteração na lágrima pode predispor a duas alterações na córnea, a lente externa do olho.
“Uma é a ceratite, inflamação que dependendo da gravidade diminui permanentemente a visão. A outra é o ceratocone devido à falta de lubrificação que provoca coceira nos olhos, maior fator de risco desta doença. O problema é que um estudo inglês mostra que o coronavírus causa olho seco em 23% das pessoas contaminadas”, detalha ele à AnaMaria Digital.
“Não por acaso, os prontuários de 52 portadores de ceratocone atendidos pelo hospital nos últimos três meses, revelam que 25 deles, ou 48%, apresentaram piora depois que tiveram COVID-19”, salienta.
Ele explica também que o ceratocone é uma doença degenerativa que geralmente aparece no início da adolescência. Tende a ser mais progressiva entre os mais jovens. Quanto maior a progressão, mais enfraquece e afina a córnea, fazendo com que tome o formato de um cone. Por isso, inclusive durante a pandemia, o acompanhamento periódico deve ser mantido.
“O atraso no diagnóstico pode causar cicatrizes na córnea, irregularidades que dificultam o ajuste das lentes de contato, ceratite, edema e em casos extremos indicação para transplante de córnea que teve uma grande queda de doações e cirurgias na pandemia” afirma ele.
O especialista destaca que os hospitais são especializados, mantém rígidos protocolos de higiene e esterilização dos equipamentos e ambientes para eliminar o risco de contaminação durante o atendimento. Portanto, não há justificativa para adiar qualquer assistência médica aos seus olhos.
SINTOMAS DA PROGESSÃO:
- Visão embaçada;
- Dor de cabeça frequente;
- Maior dificuldade para enxergar;
- Dificuldade de enxergar à noite;
- Coceira intensa e frequente nos olhos;
- Alteração constante do grau das lentes de contato ou óculos;
TRATAMENTOS
O único tratamento que interrompe a progressão do ceratocone é o crosslinking, uma cirurgia ambulatorial feita com anestesia local em que é associada a aplicação de riboflavina (vitamina B2) à radiação ultravioleta. O médico complementa dizendo que quanto mais jovem é o paciente, melhores são os resultados da cirurgia.
Outros tratamentos elencados pelo médico para escapar do transplante nos casos de córneas mais finas são as lentes esclerais, apoiadas na esclera ao invés de na borda da córnea, ou o anel intraestromal que melhora a acuidade visual aplanando a córnea.