A notícia sobre a jovem Letícia Paul, de 22 anos, que morreu após uma reação anafilática durante uma tomografia com contraste em Santa Catarina, despertou preocupação em muitos pacientes que precisam realizar exames semelhantes. Apesar do impacto da tragédia, especialistas ressaltam que eventos desse tipo são extremamente raros e que o uso de contrastes segue protocolos rigorosos de segurança.
O que é o contraste e por que ele é usado?
Substâncias de contraste são compostos utilizados em exames de imagem, como tomografias e ressonâncias magnéticas, para realçar estruturas internas do corpo e permitir diagnósticos mais precisos. Elas ajudam médicos a detectar inflamações, tumores, lesões ou alterações vasculares que poderiam passar despercebidas em exames sem contraste.
Há dois tipos principais de substâncias utilizadas: os contrastes iodados, aplicados em tomografias, e os gadoliníneos, usados em ressonâncias. Ambos têm papel importante na medicina diagnóstica moderna e são considerados seguros quando administrados de forma correta. Dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) indicam que reações graves ocorrem em menos de 1 a cada 10 mil exames, e os efeitos leves atingem cerca de 1% dos pacientes.
Reações alérgicas: quando acontecem e por que
Assim como qualquer medicamento, o contraste pode causar reações adversas em alguns casos, mas a maioria dos pacientes o tolera bem. As manifestações mais leves incluem calor, coceira ou náusea logo após a aplicação. Situações graves, como choque anafilático, são consideradas exceção.
A enfermeira Marcela Padilha, PhD e coordenadora de Desenvolvimento de Produtos e Suporte Clínico da ALKO do Brasil, explica que o segredo está na avaliação prévia. “O contraste é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico por imagem, mas como qualquer agente farmacológico, exige respeito técnico e preparo. A anamnese rigorosa, o consentimento informado e a prontidão para manejo de reações são pilares da segurança”, afirma.
O histórico médico do paciente, especialmente casos de alergia, uso de medicamentos ou doenças renais, é essencial para avaliar o risco e definir o tipo de contraste mais adequado.

Contraste prejudica os rins?
Um dos receios mais comuns é o de que o contraste possa danificar os rins. Esse risco existe, mas apenas para um grupo restrito de pacientes. Em pessoas saudáveis, a chance de desenvolver uma complicação chamada nefropatia induzida por contraste é muito baixa.
O problema pode surgir em indivíduos com insuficiência renal prévia ou doenças que comprometem o funcionamento dos rins. Nesses casos, os médicos realizam exames laboratoriais antes do procedimento e, se necessário, ajustam a dose ou adotam medidas de hidratação antes e depois do exame para reduzir o risco.
Marcela reforça que o exame com contraste não deve ser visto com medo, mas sim com responsabilidade. “Quando bem indicado e executado em ambiente qualificado, os benefícios superam amplamente os riscos”, diz.
Protocolos de segurança
Hospitais e clínicas que realizam exames com contraste seguem protocolos padronizados para garantir a segurança dos pacientes. Há monitoramento antes, durante e depois do procedimento, e as equipes são treinadas para agir rapidamente em caso de qualquer reação adversa.
Além disso, o uso do contraste é sempre avaliado pelo médico responsável e só é indicado quando há real necessidade de melhorar a visualização das estruturas examinadas.
Mitos e verdades sobre o contraste
- “Contraste sempre causa alergia” – Falso. A maioria das pessoas realiza o exame sem qualquer reação.
- “Quem tem alergia leve não pode usar contraste” – Nem sempre. Em alguns casos, o médico pode indicar uma pré-medicação para evitar reações.
- “Contraste causa dano renal irreversível” – Apenas em pessoas com função renal já comprometida. Para pacientes saudáveis, o risco é mínimo.
Resumo:
Embora o contraste possa causar reações em casos específicos, trata-se de um procedimento seguro e essencial para diagnósticos detalhados. O acompanhamento médico e a avaliação prévia reduzem os riscos, e os benefícios do exame superam amplamente as preocupações.
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