O papanicolau, exame utilizado há mais de 30 anos como forma de rastrear o câncer do colo do útero, será substituído no SUS pelo teste de biologia molecular DNA-HPV. A nova tecnologia, baseada em PCR, é capaz de identificar o vírus HPV com até 10 anos de antecedência ao surgimento de lesões. O objetivo é tornar o diagnóstico mais precoce e preciso.
Segundo a ginecologista Wanuzia Miranda, a genotipagem é um marco importante para o país, pois a biologia molecular permite identificar não só o HPV, como outros agentes infecciosos. A tecnologia também contribui para a chamada medicina personalizada, ao analisar genes e células e possibilitar terapias mais eficazes e específicas.
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Casos graves podem ser reduzidos em até 70%
Com a incorporação do DNA-HPV ao SUS, espera-se reduzir em até 70% os casos mais graves da doença. Existem mais de 140 subtipos do vírus, sendo os tipos 16 e 18 os principais causadores de câncer. Já os subtipos 6 e 11 estão ligados a verrugas genitais, consideradas lesões benignas.
Diferente do papanicolau, que depende da qualidade da amostra e da interpretação do profissional, o teste de DNA-HPV oferece maior precisão. “O índice de falsos negativos é muito grande no papanicolau, o que permite que a neoplasia evolua para casos mais graves”, afirma a médica.
Com os testes de biologia molecular, é possível detectar o vírus antes mesmo do surgimento de lesões. A empresa Mobius desenvolve dois exames que ajudam nesse rastreamento: o Multi HPV Flow Chip, que detecta mais de 30 genótipos, e o Kit Master HPV Screening, que identifica 14 genótipos de alto risco com PCR em tempo real.
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Controle interno garante coleta adequada
Um dos diferenciais do novo teste é o controle de qualidade interno, que verifica se a amostra é viável por meio da amplificação de trechos do DNA do hospedeiro. A tecnologia também consegue detectar o HPV mesmo com baixa carga viral, graças à amplificação de DNA promovida pela técnica de PCR.
Antes, o papanicolau era indicado anualmente a partir dos 25 anos para mulheres sexualmente ativas. Com o novo exame, esse intervalo pode ser estendido para cinco anos em casos negativos. “A chance de desenvolver câncer após um resultado negativo é de apenas 0,15%”, explica Wanuzia.
HPV pode causar diversos tipos de câncer
Além do câncer do colo do útero, o HPV está relacionado a tumores no ânus, reto, garganta, boca, laringe, vulva, vagina e pênis. Também pode causar verrugas genitais. Por isso, exames de rastreio são fundamentais para detectar precocemente a infecção e iniciar o tratamento nas fases iniciais.
A vacina contra o HPV é indicada para meninas e meninos entre 9 e 14 anos, preferencialmente antes do início da vida sexual. Quem não recebeu a vacina na adolescência ainda pode ser imunizado até os 26 anos. Ela protege contra a maioria dos cânceres associados ao HPV e contra as verrugas genitais.
Resumo: O exame de biologia molecular DNA-HPV passou a substituir o papanicolau no SUS, oferecendo detecção mais precisa e precoce do vírus. A nova tecnologia identifica o HPV com até 10 anos de antecedência ao surgimento de lesões. Além disso, permite ampliar o intervalo entre os exames e pode reduzir em até 70% os casos graves de câncer do colo do útero.
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