Congelar esperma já foi um tema restrito a clínicas especializadas e casos específicos, como pacientes em tratamento oncológico. Mas o cenário está mudando. Startups como Legacy e Fellow estão popularizando a prática com kits de coleta domiciliar e envio por correio, transformando o congelamento em um verdadeiro serviço de delivery.
A proposta é simples: o cliente recebe em casa um kit com frasco estéril, conservante e embalagem térmica. Depois da coleta, o material é devolvido para análise e armazenamento em bancos especializados. Tudo isso por valores que partem de US$ 100 ao ano, uma espécie de plano reprodutivo preventivo para quem quer se resguardar para o futuro.
Mudança cultural
Mais do que conveniência, esse tipo de serviço acompanha uma mudança cultural. Homens jovens, principalmente na faixa dos 20 e 30 anos, têm buscado formas de planejar sua fertilidade com mais consciência, seja por motivos profissionais, questões de saúde ou simplesmente por quererem adiar a paternidade sem correr riscos.
O movimento tem respaldo em números. O mercado global de infertilidade masculina já movimenta cerca de 4 bilhões de dólares por ano e deve continuar crescendo. A Legacy, por exemplo, já conta com 40 mil clientes e atraiu US$ 50 milhões em investimentos. A Fellow, outra empresa do setor, atende hospitais nos EUA e também captou cifras semelhantes.
O pano de fundo é um dado que chama a atenção: a contagem média de espermatozoides caiu pela metade nos últimos 40 anos. Embora as causas exatas ainda estejam em investigação, fatores como alimentação, estresse, poluição e estilo de vida estão entre os principais suspeitos.
Se antes o planejamento reprodutivo era visto como uma preocupação exclusivamente feminina, hoje os homens também começam a se envolver nessa conversa. A criopreservação se consolida como mais uma ferramenta de autonomia para quem deseja escolher, com calma, o melhor momento para ter filhos.
Como funciona o congelamento de esperma?
O congelamento de esperma, também chamado de criopreservação, é um procedimento considerado seguro, eficaz e amplamente usado por clínicas de fertilidade. Veja como ele é feito:
Coleta do material
O sêmen é coletado em casa, por masturbação, usando um frasco estéril que acompanha o kit. A amostra é então selada, protegida com conservantes e enviada ao laboratório em embalagem térmica.
Análise e preparação
Ao chegar ao laboratório, o material é analisado e recebe uma substância crioprotetora, que protege os espermatozoides durante o congelamento.
Congelamento em nitrogênio líquido
As amostras são resfriadas até -196 °C e armazenadas em tanques de nitrogênio líquido, podendo durar por tempo indeterminado.
Uso futuro
Quando o paciente deseja usar a amostra, ela é descongelada e utilizada em técnicas de reprodução assistida, como inseminação artificial ou fertilização in vitro.
É seguro?
Sim. Embora nem todos os espermatozoides resistam ao descongelamento, os que sobrevivem costumam manter boa qualidade e capacidade de fecundação. O procedimento é seguro tanto para o paciente quanto para um eventual bebê no futuro.
Resumo:
O congelamento de esperma por delivery se tornou uma tendência entre homens que desejam planejar a paternidade. Startups oferecem kits de coleta domiciliar com envio por correio, refletindo uma mudança de mentalidade sobre fertilidade masculina. Seguro e eficaz, o procedimento cresce em meio à queda global da contagem de espermatozoides e ao avanço do mercado de saúde reprodutiva.
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Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!