Suar quando se pratica atividade física, está calor ou até mesmo ao sentir medo ou vergonha é algo muito normal. Geralmente, suamos para refrescar o corpo, por meio de um processo chamado termorregulação. Funciona assim: diante da elevação da temperatura corporal, nosso cérebro manda sinais a mais de 3 milhões de glândulas para que soltem um líquido incolor, o suor. E, à medida que ele evapora da pele, vai reduzindo e reequilibrando a temperatura do corpo.
A hiperidrose é o excesso desse suor e acontece de forma mais concentrada especialmente nas axilas, mãos, planta dos pés, região inguinal e perineal, além de rosto e cabeça. Tudo ocasionado por causa de uma hiperfunção das glândulas. O diagnóstico é obtido pelo dermatologista por meio de exames e investigação do histórico familiar.
“Ela pode ser classificada em primária focal e secundária generalizada. A primária focal tem fator genético, acomete cerca de 5% da população e caracteriza-se pelo início dos sintomas na infância ou adolescência, com queixa de suor excessivo em áreas como axila, palmas das mãos, plantas dos pés, couro cabeludo, face e virilha. Já a secundária generalizada tem início na idade adulta e caracteriza-se por produção de suor em excesso em todo o corpo, inclusive durante o sono, e está associada a alguma doença ou como efeito colateral de alguma medicação”, revela a dermatologista Fabiana Seidl. Entenda mais.
UMA BOA ANÁLISE É NECESSÁRIA
Para tratar a hiperidrose é preciso determinar se há alguma doença ou medicamento que esteja precipitando essa condição, explica Fabiana. “Nos casos de hiperidrose primária focal, podemos utilizar desodorantes e antitranspirantes à base de sais de alumínio. Indica-se o tratamento com toxina botulínica para os casos de hiperidrose focal moderada, com ótimos resultados e duração de seis a nove meses, sendo necessário manter as aplicações nesses intervalos”, analisa.
Para os casos mais graves, pode ser necessário o tratamento cirúrgico. “A cirurgia geralmente é indicada para hiperidrose palmoplantar (palma da mão e planta do pé), porém possui como inconveniente o risco de vir a desenvolver hiperidrose compensatória em outra parte do corpo. Portanto, todos os tratamentos devem ser avaliados em termos de riscos, custos e benefícios junto ao médico”, alerta Seidl.
TRATAMENTOS
“Proveniente de causas diversas (hereditária, emocional ou patológica), o desconforto pode ter sérios impactos psicológicos e sociais, porém é tratável ”, revela Laís Leonor, dermatologista da clínica Dr. André Braz, no Rio de Janeiro. Os métodos mais utilizados são:
- Uso de antitranspirantes específicos para a área acometida;
- Toxina botulínica: aplicada na área afetada, ela bloqueia, temporariamente, a sudorese. Com duração de oito a dez meses, é a melhor alternativa para quem não quer se submeter a procedimentos cirúrgicos. Entretanto, deve ser evitado por pessoas que realizam trabalhos minuciosos com as mãos, como cirurgiões ou músicos, pois pode haver leve perda da destreza;
- Simpatectomia: mais utilizada em casos onde não há resposta a tratamentos clínicos. A cirurgia “desliga” o sinal que avisa o corpo para transpirar em demasia. Sua única contraindicação é a hiperidrose compensatória – situação em que a pessoa começa a suar excessivamente em outras áreas do corpo.
- Iontoforese: a terapia utiliza uma corrente elétrica para desativar, provisoriamente, as glândulas sudoríparas. Costuma ser mais eficaz nas mãos e pés.
- Medicamentos: apesar de efetivos, são menos utilizados pelos efeitos colaterais presentes, como boca seca, tonturas e problemas com a micção.
IRRITAÇÕES NA PELE
Segundo Laís, a falta de tratamento pode acarretar erupções cutâneas avermelhadas. “Pode aparecer também após a prática de exercícios, em forma de bolhas ou caroços vermelhos, causando coceira. Os sintomas podem ser aliviados com o uso de compressas de água fria, água termal e loções corporais calmantes. É aconselhado beber bastante água, para evitar o ressecamento da pele.
Outro fator é o aumento da oleosidade e umidade da pele, que podem predispor o aparecimento de micoses. Nesses casos, o dermatologista poderá indicar o uso de cremes ou loções que devem ser aplicadas diariamente até a completa eliminação das manchas”, explica.