Os primeiros meses de vida são decisivos para o desenvolvimento infantil, e a observação de comportamentos atípicos pode ser fundamental para um diagnóstico precoce. Identificar sinais de autismo em bebês permite que intervenções especializadas sejam iniciadas cedo, potencializando o desenvolvimento social, comunicativo e cognitivo. Pesquisas recentes da Drexel University revelam que triagens médicas padronizadas podem detectar traços de autismo já aos 20 meses, facilitando tratamentos direcionados.
A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto, reforça que a frase “cada criança tem seu tempo” pode atrasar diagnósticos e, consequentemente, as intervenções. Segundo ela, observar sinais específicos e buscar apoio médico são passos indispensáveis. “Quanto mais cedo começamos, melhores são os resultados no desenvolvimento da criança”, afirma.
Principais sinais de autismo em bebês
Embora o autismo seja uma condição única para cada indivíduo, alguns sinais são mais comuns e devem ser observados com atenção:
1. Falta de resposta a estímulos sonoros
Bebês neurotípicos geralmente reagem a sons, especialmente aqueles vindos de vozes familiares ou barulhos altos. A ausência dessa resposta pode ser um alerta de autismo em bebês.
2. Pouco ou nenhum contato visual ao ser chamado pelo nome
Crianças neurotípicas normalmente olham para a pessoa que as chama. A ausência dessa resposta em pelo menos 70% das vezes é um indício a ser investigado.
3. Expressões faciais limitadas
Enquanto bebês geralmente expressam alegria, surpresa ou desconforto, aqueles no espectro podem apresentar uma expressão neutra ou fixa, independentemente da situação.
4. Tendência ao isolamento social
Crianças com autismo frequentemente preferem brincar sozinhas e evitam interações físicas ou carinhosas com pessoas próximas.
5. Falta de balbucios ou sons intencionais de comunicação
Sons como “ba-ba” ou “ma-ma” são comuns em bebês entre 4 e 9 meses. A ausência dessas vocalizações pode ser um sinal precoce de atraso no desenvolvimento comunicativo.
6. Movimentos repetitivos
Comportamentos como balançar o corpo ou bater a cabeça de forma repetitiva também são indicativos de autismo em bebês. Esses movimentos podem ser uma forma de autorregulação sensorial.
Por que o diagnóstico precoce é importante?
Segundo Bárbara Calmeto, a aplicação de ferramentas como o M-CHAT-R/F durante consultas pediátricas tem mostrado eficácia na detecção de sintomas do espectro, mesmo aqueles mais sutis. Além disso, intervenções precoces, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), são amplamente reconhecidas por promover melhorias significativas no desenvolvimento social e cognitivo.
“A intervenção precoce é o maior aliado para crianças com autismo. Quanto antes identificamos os sinais, mais rapidamente podemos ajudar a reduzir os déficits e aumentar habilidades essenciais”, explica a neuropsicóloga.
O papel das famílias no tratamento
O suporte familiar é indispensável para o progresso das crianças com autismo. Os pais devem participar ativamente do processo terapêutico, aprendendo estratégias para estimular interações e lidar com desafios comportamentais no dia a dia.
Bárbara Calmeto enfatiza que o ambiente familiar deve ser adaptado e acolhedor, promovendo oportunidades para que a criança desenvolva autonomia. “A família é a base do progresso. Quando há apoio e compreensão, as intervenções têm resultados ainda melhores”, complementa.
Reconhecer os sinais de autismo em bebês é uma tarefa que exige atenção e conhecimento. Estudos indicam que o diagnóstico precoce, aliado a intervenções terapêuticas personalizadas, pode transformar a vida das crianças, proporcionando-lhes um futuro mais inclusivo e promissor. Ao perceber comportamentos atípicos, buscar orientação especializada é o primeiro passo para garantir o suporte necessário.
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