A preocupação com produtos adulterados não é nova, mas voltou a ganhar destaque após a confirmação de mortes ligadas ao consumo de bebidas contaminadas por metanol no Brasil. A substância, altamente tóxica, pode provocar desde sintomas semelhantes à embriaguez até perda de visão e óbito. Diante desse cenário, conhecer os riscos e adotar medidas de precaução torna-se essencial para proteger sua saúde e da sua família.
Metanol: o perigo por trás das bebidas adulteradas
O metanol é um álcool usado como solvente químico e biocombustível, mas nunca deve estar presente em alimentos ou bebidas. Segundo o Journal of Food Protection (2024), bebidas alcoólicas estão entre os alimentos mais falsificados do mundo, ocupando a sexta posição no ranking global de fraudes alimentares. A vodca aparece em nono lugar entre os produtos mais adulterados.
Sintomas e consequências da intoxicação por metanol
Os primeiros sinais de intoxicação lembram o consumo excessivo de álcool: fala enrolada, reflexos lentos e sonolência. Porém, após algumas horas, os efeitos se intensificam: náusea, vômito, dor abdominal, tontura e fraqueza. Em casos mais graves, a contaminação pelo metanol afeta o sistema nervoso central, podendo levar à cegueira ou até à morte.
Especialistas ressaltam que apenas testes laboratoriais conseguem confirmar a presença da substância em bebidas. Por isso, a prevenção é a forma mais eficaz de se proteger.
Como identificar produtos adulterados
De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), o consumidor deve estar atento a sinais claros de produtos adulterados, como:
- Preço muito abaixo do mercado;
- Ponto de venda clandestino ou informal;
- Embalagens com rótulo mal impresso, erros de grafia ou sem informações obrigatórias (CNPJ, lote, validade);
- Lacres violados ou alterações na cor e na textura de bebidas transparentes.
Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais sempre mantenham notas fiscais e registros de fornecedores confiáveis. O órgão também orienta a treinar funcionários para identificar possíveis fraudes e proteger os consumidores.
Outros alimentos que sofrem com fraudes
As bebidas alcoólicas não são os únicos produtos no alvo da falsificação. Pesquisas indicam que o leite lidera a lista de alimentos mais falsificados no mundo, seguido por azeite de oliva, mel e carne bovina.
Entre os principais métodos de fraude estão:
- Adição de água, ureia e até detergente em produtos lácteos;
- Troca de espécies de frutos do mar, muitas vezes com uso de gelatina para disfarçar;
- Azeites diluídos com óleos vegetais mais baratos;
- Temperos adulterados com corantes e farinhas.
Essas práticas não apenas enganam o consumidor, mas também colocam sua saúde em risco, já que a origem e a qualidade da produção são desconhecidas.
Como se proteger no dia a dia
Para reduzir o risco de consumir produtos falsificados, desconfie sempre de preços muito baixos e de vendedores informais. Prefira comprar alimentos e bebidas de fornecedores reconhecidos e verifique a integridade das embalagens. Em caso de suspeita, o ideal é acionar imediatamente os órgãos de vigilância sanitária.
Vale destacar que produtos in natura, como frutas, verduras e carnes frescas, continuam sendo opções seguras e saudáveis. Por sofrerem menos intervenções industriais, são menos suscetíveis a fraudes.
Resumo: O metanol, usado ilegalmente em bebidas, representa um risco grave à saúde, podendo causar intoxicação e até morte. Produtos adulterados também afetam outros alimentos, como leite e azeite. Por isso, é fundamental estar atento a sinais de fraude e comprar sempre de fontes confiáveis.
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