Em uma entrevista sincera ao podcast Armchair Expert, o ator Brad Pitt revelou como encontrou apoio no alcoólicos anônimos. Para ele, participar dos encontros foi algo transformador. “Achei simplesmente incrível ver homens compartilhando suas experiências, suas dores e até seus desejos com muito humor. Foi uma vivência realmente especial”, contou.
Conhecido por papéis de destaque no cinema, o ator surpreendeu os fãs ao abrir o coração sobre uma fase delicada da vida. Segundo ele, ao entrar para o grupo, estava em um momento de grande fragilidade emocional. “Estava praticamente de joelhos, aberto a qualquer coisa que pudesse me ajudar. Precisava de um recomeço”, afirmou.
O reconhecimento do problema é o primeiro passo
Apesar da fama e do sucesso, Brad Pitt deixou claro que ninguém está imune aos desafios da vida. Ao falar sobre sua experiência, ele contou que chegou tímido aos encontros, mas com o coração aberto. Na época, estava tentando tudo para recuperar seu equilíbrio emocional.
“Eu sou teimoso, mas sempre fui bom em reconhecer meus erros. As reuniões se tornaram algo pelo qual eu esperava ansiosamente”, declarou o ator, mostrando como o apoio de um grupo pode fazer a diferença no processo de recuperação.
Essa não foi a primeira vez que o artista falou sobre o assunto. Em 2019, ele contou ao The New York Times que procurou ajuda em 2016, logo após o pedido de divórcio feito por Angelina Jolie. “Foi muito libertador expor meu lado feio”, comentou.
O consumo de álcool e a falsa sensação de controle
No entanto, ao contrário do que aconteceu com Brad Pitt, muitas pessoas demoram para perceber que estão enfrentando um problema. No Brasil, uma pesquisa do Ipec encomendada pelo CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) revelou que 75% dos consumidores abusivos acreditam que bebem de forma moderada. Apenas 13% reconhecem que precisam mudar os hábitos, e só 11% admitem que bebem em excesso, mas não veem isso como um problema real.
Esses dados são preocupantes. De acordo com especialistas, mesmo o consumo abusivo ocasional pode aumentar o risco de dependência. Por isso, é essencial investir em informação, prevenção e, principalmente, acolhimento. “Precisamos avançar na conscientização sobre os efeitos do álcool e reduzir o estigma da doença do alcoolismo”, reforça Mariana Thibes, doutora em sociologia e coordenadora do CISA.
Como funciona o tratamento no alcoólicos anônimos
O tratamento no alcoólicos anônimos é baseado no apoio mútuo, na partilha de experiências e na empatia. Os encontros funcionam como espaços seguros para que os participantes falem abertamente sobre suas dificuldades, sem medo de julgamento. Ao ouvir relatos semelhantes, muitos conseguem se identificar, encontrar motivação e seguir firmes no processo de recuperação.
Além dos Alcoólicos Anônimos, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece apoio por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), por exemplo, acolhem pessoas com transtornos mentais ou problemas com álcool e outras substâncias, oferecendo suporte multidisciplinar gratuito.
O tratamento pode incluir ainda terapia individual, acompanhamento médico e o uso de medicamentos para controle da abstinência e prevenção de recaídas. Contudo, o mais importante é entender que a recuperação é possível — e começa com um simples passo: pedir ajuda.
Apoio da família e acolhimento fazem toda a diferença
Embora o tratamento exija esforço individual, o apoio da família e de amigos pode ser decisivo. Abordar alguém que enfrenta problemas com álcool exige empatia, paciência e respeito. Especialistas recomendam conversar com a pessoa quando ela estiver sóbria e em um ambiente tranquilo, oferecendo apoio sem críticas.
Outro ponto importante é compreender que cada pessoa tem seu próprio tempo. Por isso, insistir ou pressionar pode afastar ainda mais. Em vez disso, é melhor demonstrar que você está por perto e pronto para ajudar, caso a pessoa queira buscar tratamento.
Vale lembrar que os impactos do álcool vão além do vício. O consumo excessivo pode desencadear doenças graves, como cirrose, problemas cardiovasculares, transtornos mentais e até câncer. Por isso, identificar os sinais de alerta precocemente é fundamental.
Entre os sinais mais comuns estão: beber com frequência, sentir necessidade constante de álcool, tentar parar várias vezes sem sucesso, e abandonar atividades que antes davam prazer. Se isso estiver acontecendo com alguém próximo, vale buscar orientação médica e iniciar o processo de cuidado o quanto antes.
Resumo: Ao revelar sua experiência com o tratamento no alcoólicos anônimos, Brad Pitt mostrou que ninguém está sozinho nessa jornada. Com apoio, escuta e acolhimento, é possível recomeçar. No Brasil, apesar da negação ainda comum, há recursos públicos e grupos de apoio prontos para ajudar quem enfrenta o alcoolismo.
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